Programa de vigilância em saúde da toxoplasmose gestacional e congênita : elaboração, implantação e avaliação no município de Londrina, Paraná

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A toxoplasmose congênita é uma doença grave que acomete o feto quando a mãe adquire a primoinfecção durante a gestação. As crianças podem apresentar os sinais e sintomas clássicos da toxoplasmose congênita (hidrocefalia, coriorretinite, calcificação cerebral e retardo mental), conhecida como a Tétrade de Sabin ou podem nascer normais e desenvolver seqüelas durante a infância ou, até mesmo, na fase adulta. A coriorretinite é a manifestação mais frequente da toxoplasmose congênita. O objetivo deste estudo foi elaborar, implantar e avaliar um modelo de programa de vigilância da toxoplasmose gestacional e congênita a fim de garantir que as gestantes e as crianças sejam diagnosticadas e tratadas precocemente e assim diminuir as seqüelas graves da infecção. As ações do programa consistiram em: (1) triagem sorológica com a pesquisa de anticorpos IgG e IgM anti-Toxoplasma gondii; (2) monitoramento sorológico trimestral; (3) orientação sobre as medidas de prevenção e (4) acompanhamento clínico e laboratorial das gestantes e das crianças. A implantação, a nível municipal, foi dividida em quatro etapas: (a) definição dos exames de triagem e confirmatórios, dos serviços de referência, da notificação compulsória e investigação dos casos, da liberação de medicamentos; (b) oficinas da capacitação para os profissionais da rede pública da saúde; (c) implantação do programa nas Unidades Básicas de Saúde e (d) avaliação do programa. Os protocolos de diagnóstico e tratamento foram testados e validados no município de Londrina, Paraná, Brasil. A avaliação do programa no município de Londrina demonstrou que houve uma melhora no atendimento às gestantes e crianças com toxoplasmose suspeita ou confirmada. Os resultados revelaram que houve uma redução de 63,9% e 42,6% no número de gestantes e crianças, atendidas nos serviços de referência, respectivamente. Também houve uma redução de 62,3% no consumo de ácido folínico e de 67,4% de sulfadiazina utilizados no tratamento da toxoplasmose gestacional. Com a implantação do programa foi possível avaliar a associação entre a presença de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii e as variáveis sócio-econômicas e ambientais em 634 gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde de Londrina. A soroprevalência de anticorpos IgG anti-T.gondii foi observada em 320 (50,5%) gestantes; destas, três (0,5%) apresentaram IgM anti-Toxoplasma gondii reagente. As variáveis associadas à presença de anticorpos IgG foram: mais de uma gestação, baixo grau de instrução (≤ a oito anos de estudo), baixa renda per capita e residência na região rural. Não se observou a associação com a faixa etária, a ingestão de carnes cruas ou mal passadas, a ingestão de frutas e hortaliças cruas, o contato com a terra e a presença de gato na residência. O estudo mostrou que 314 gestantes (49,5%) eram suscetíveis à primo-infecção pelo T. gondii, sendo consideradas de risco para a aquisição da infecção durante a gestação. Deste modo, é imprescindível o estabelecimento de um Programa de Vigilância em Saúde voltado à toxoplasmose que possibilite que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados precocemente, além da implantação de medidas de prevenção primárias às gestantes soronegativas.

ASSUNTO(S)

toxoplasma gondii doenças congênitas toxoplasmose population surveillance vigilância sanitária toxoplasmosis

Documentos Relacionados