Processos de enfrentamento e repercussões psicossociais em pacientes submetidos à cirurgia de histerectomia

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A histerectomia é uma cirurgia ginecológica de retirada do útero e constitui, atualmente, uma das cirurgias femininas mais freqüentes no mundo ocidental, afetando a condição física, social e emocional da mulher que, frente aos eventos estressores desencadeados, faz uso de estratégias de enfrentamento com o intuito de se adaptar às novas situações e contexto de vida. Através do referencial teórico do Enfrentamento (Coping), este estudo teve como objetivo investigar as construções de enfrentamento e repercussões psicossociais da cirurgia de histerectomia. A amostra foi composta por 10 mulheres, com faixa etária de 46 anos, classe pertencentes à classe social menos favorecida, com tempo de diagnóstico variando de 5 meses a 2 anos. Para a coleta de dados foi utilizada a Escala de Modo de Enfrentamento de Problemas (EMEP) e entrevistas semi-estruturadas. Tratou-se de um estudo descritivo, longitudinal em pré e pós-cirúrgico. Para análise dos dados, foram realizadas estatísticas descritivas, além de testes bivariados entre escores da EMEP e variáveis relativas à caracterização sociodemográfica e clínica das pacientes. O pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences), foi utilizado na análise quantitativa de dados e as entrevistas submetidas à análise de conteúdo a partir de categorias emergentes. Os resultados estatísticos concernentes à EMEP indicaram que a modalidade de enfrentamento mais usada foi busca de práticas religiosas/pensamento fantasioso, seguida de enfrentamento focalizado no problema. As estratégias focalizadas na no suporte social e na emoção foram relatadas em menor freqüência. A partir dos resultados das entrevistas em pré-operatório, observou-se o surgimento de um temor quanto a perda da feminilidade, sentimentos de medo, ansiedade e insegurança, pensamento negativo quanto a hospitalização, percepção de si negativa e falta de informação quanto a cirurgia. Nas entrevistas aos 6 meses do pós-operatório, observou-se o sentimento de culpa e de alívio, avaliação positiva frente à hospitalização, identidade feminina preservada e ganhos secundários com cirurgia, maior atenção de familiares, ativação do auto-cuidado e auto-estima. Os resultados evidenciam que a cirurgia de histerectomia é um evento estressor que abala a feminilidade, mobiliza sentimentos de temor quanto à hospitalização e afeta questões familiares, com repercussão no aspecto emocional das mulheres. Tais resultados evidenciam questões psicossociais e dificuldades que afetam estas mulheres no pré-cirúrgico, provocando uma ressignificação de suas vidas, inclusive ligadas à sexualidade e que poderiam ser resolvido com atendimentos pré-cirúrgicos, indicando a importância da comunicação como atenção humanizada.

ASSUNTO(S)

repercussão psicossocial histerectomia psychosocial repercussion psicologia social enfrentamento hysterectomy coping

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