Prevenindo fracasso escolar: comparando o autoconceito e desempenho acadêmico de filhos de mães que trabalham fora e donas de casa.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Pesquisadores na área de educação especial têm mostrado que vários fatores fora do sistema escolar podem levar ao desenvolvimento de problemas de aprendizagem. Relacionamentos familiares de baixa qualidade, por exemplo, dificultam a construção saudável das diferentes facetas do autoconceito das crianças, o que pode, por sua vez, desfavorecer seu desempenho escolar. Dessa forma, existem muitas críticas em relação à maneira como os pais sobretudo as mães dividem sua atenção entre seus filhos e outros compromissos. Hoje, a maior parte das mulheres casadas faz parte de uma de duas categorias: as que dedicam a maior parte do seu tempo à família e ao lar e as que dividem seu tempo entre a família, o lar e o trabalho remunerado. Ambas as opções trazem vantagens e desvantagens à tarefa de ser mãe. Para mulheres que trabalham fora, a alta demanda de tempo para cumprir as obrigações familiares e profissionais é um fator de estresse que pode comprometer a qualidade do relacionamento com os filhos. Por outro lado, em muitas das famílias com uma mãe dona de casa, os recursos financeiros são menores e as mulheres possuem níveis inferiores de auto-estima e saúde do que as mulheres que trabalham fora, o que pode diminuir a qualidade de seus comportamentos parentais. Nesse estudo, objetivou-se: a) adaptar instrumentos já existentes para avaliar as condições de trabalho, bem-estar psicológico e a participação materna na educação dos filhos; b) comparar mães donas de casa e mães que trabalham fora no que diz respeito à freqüência de vários tipos de envolvimento com seus filhos; e c) investigar a associação entre a freqüência dessas interações e três medidas que refletem a adequação de certos aspectos do desenvolvimento dos seus filhos (autoconceito, desempenho acadêmico e as percepções das crianças da relação mãe e filho). Este trabalho contou com a participação de 60 pares de mães e filhos - 23 mães que trabalhavam fora e 37 mães donas de casa. A média de idade entre as mães foi de 36,5 anos. As crianças estavam ou na 5 ou na 6 série, com média de idade de 11,9 anos. A coleta de dados envolveu o preenchimento do Questionário sobre a percepção materna a respeito do relacionamento familiar e de seu bem-estar pelas mães e a avaliação das crianças usando o Teste de Desempenho Escolar, o Questionário para avaliação do Autoconceito e o Questionário sobre a Relação da Mãe e Filho, na Visão do Filho. Em relação às mães, ambos os grupos relataram que usam, com alta freqüência, grande parte dos comportamentos desejáveis ao bom relacionamento familiar, havendo poucas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Em relação às crianças, também não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre aquelas cujas mães eram donas de casa e aquelas cujas mães trabalhavam fora, no que diz respeito ao seu desempenho acadêmico, seu autoconceito ou as avaliações da freqüência de interações com suas mães. Estes resultados indicam que não havia uma relação entre estes três medidas do bem-estar das crianças e o vínculo das mães com o mercado de trabalho. No entanto, as correlações mostram que alguns aspectos da freqüência da interação das mães com seus filhos contribuam positivamente para a formação do autoconceito acadêmico dos mesmos, o qual, por sua vez, está relacionado positivamente com o desempenho acadêmico das crianças. Assim, a freqüência do envolvimento das mães na vida de seus filhos, por si só, e não o fato de ser dona de casa ou trabalhar fora, parece ser um importante fator para o desenvolvimento de um autoconceito positivo e a obtenção de sucesso acadêmico, entre as crianças.

ASSUNTO(S)

mães e filhos - relações academic achievement rendimento escolar self-concept educação especial autoconceito housewives mothers involvement educacao especial mothers with paid employment

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