Prevenção materno-infantil e dispositivos pedagógicos: o óbvio e o obtuso numa relação necessária
AUTOR(ES)
Patrícia Debrassi
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
Este estudo se desenvolveu na linha de pesquisa Mídia e Conhecimento do Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Com suporte teórico principalmente nas formulações de Foucault (2002, 2004, 2006) e Barthes (1990, 2006), a pesquisa teve como objetivo analisar as mensagens denotadas e conotadas de doze informativos sobre prevenção maternoinfantil distribuídos à população pela Secretaria de Saúde do município de Itajaí/SC e sua compreensão pelo público ao qual se destinam. Foram selecionadas, como sujeitos da pesquisa, cinco mulheres, mães ou parentes de alunos matriculados na Apae de Itajaí/SC e que estavam grávidas em novembro de 2008. O estudo se dividiu em dois momentos: no primeiro, as mulheres-mães realizaram a leitura denotada e conotada de três informativos, aos quais tiveram acesso no período gestacional ou que escolheram no ato da entrevista. No segundo momento, a pesquisadora procedeu à leitura das mensagens nessa mesma perspectiva. Os resultados da análise revelaram que os informativos produzidos com linguagem mais técnica (não popular) e imagens que remetem a mensagens conotadas, cuja interpretação exige conhecimento prévio sobre o assunto e análise mais atenta, foram de difícil leitura e compreensão pelas participantes do estudo. Aqueles com mensagens caracterizadas por objetividade e clareza textual, associadas a imagens significativas para as leitoras, foram mais bem compreendidos. Os principais critérios de escolha dos informativos pelas entrevistadas foram as ilustrações, o formato e a relação com situações cotidianas. Algumas mensagens que contradizem as indicações médicas não foram percebidas pelas entrevistadas. As falas das mães gestantes se dirigiram aos filhos, a outras mulheres e não a si mesmas. Dentre as ações de prevenção que não foram realizadas no período pré-natal dessas gestantes, destaca-se a escuta ativa, que inclui esclarecimento de dúvidas e informações sobre o que vai ser feito durante as consultas no serviço público de saúde e as condutas a serem adotadas. Observou-se a ausência de informativos que abordem o que é necessário saber e fazer antes, durante e depois da gestação. Verificou-se também a inobservância de práticas simples, mas capazes de prevenir deficiências e transtornos sérios de saúde, como a indicação do consumo de ácido fólico e ferro durante a gravidez e orientações nutricionais. O maior problema se refere à comunicação deficitária e ineficiente entre as instituições de governo e a população. Esta investigação mostrou que o cuidado de si está fortemente imbricado em sistemas de saber e dispositivos de poder que fazem repensar o comprometimento e a ética dos sujeitos em suas práticas do cuidado de si e do outro. Constatou-se a urgência de estimular as mulheres-mães a problematizar as questões que lhes dizem respeito, a interrogar suas condutas e a refletir sobre o seu papel na complexa teia de relações de poder na qual estão inseridas
ASSUNTO(S)
prevenção materno-infantil maternal-infant prevention educacao cuidado de si dispositivos self-care devices ensino - meios auxiliares
ACESSO AO ARTIGO
http://www6.univali.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=811Documentos Relacionados
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