Prematuridade e baixo peso em pré-escolares: fatores de risco ao desenvolvimento da linguagem e alterações fonológico-lexicais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O número expressivo de nascimentos prematuros gera, a cada dia, demandas para o desenvolvimento de medidas voltadas para a prevenção de transtornos no desenvolvimento de tais crianças. A literatura revela que a linguagem é uma das áreas que podem estar comprometidas quando a criança está exposta aos fatores de risco. Considerando-se a linguagem como um preditor da inteligência e das habilidades acadêmicas, torna-se relevante estudar aspectos fonológicos e lexicais de crianças pré-escolares com histórico de prematuridade e baixo peso ao nascimento. Hipotetiza-se que tais crianças possam apresentar falhas nesse repertório, nos momentos que antecedem sua escolaridade formal. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Carlos. Trata-se de um estudo descritivo que visou detectar alterações de linguagem em crianças nascidas pré-termo e com baixo peso, frequentadoras da pré-escola. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: Critério de Classificação Econômica Brasil (2008); registros dos prontuários da maternidade; o Teste de Screening do Desenvolvimento de Denver II (TSDD-II) e o Teste ABFW. Os participantes deste estudo foram 19 crianças, na faixa etária entre três a cinco anos, com histórico de prematuridade e baixo peso, que necessitaram de UTI neonatal após o nascimento e estão matriculadas na Rede Municipal de Educação Infantil. Nos resultados são inicialmente apresentados o perfil da amostra do estudo com dados da história clínica das crianças e situação sócioeconômica. Os resultados revelam ainda que no Teste Denver (TSDD-II) a linguagem se mostrou, dentre quatro áreas, a mais comprometida. Nesta situação, das 19 crianças avaliadas, nove apresentaram risco. Em relação ao desempenho no ABFW, destaca-se que todos os participantes apresentaram déficits. Em relação ao aspecto fonológico, oito crianças apresentaram desempenho alterado na prova de fonologia. Todos os participantes apresentaram deficiências no vocabulário. Ao analisar a linguagem, cinco crianças, de um total de 19, tiveram comprometimentos nas áreas de fonologia do ABFW e no vocabulário, juntamente com a presença de risco na área de linguagem no TSDD-II. Discute-se a importância dos procedimentos de avaliação e acompanhamento do desenvolvimento da linguagem desta população, nos momentos que antecedem a alfabetização, como medidas preventivas, bem como as contribuições do teste ABFW como instrumento que permite não apenas localizar os déficits mas, com base nestes, elaborar estratégias de intervenção para pais e professores. Os dados relativos à história clínica e nível sócio-econômico foram utilizados para interpretações acerca das semelhanças e diferenças nos scores encontrados em ambos os instrumentos a partir dos conceitos de risco, proteção e resiliência. Como limitação do estudo aponta-se para o número reduzido de participantes. Sugere-se para futuras pesquisas a realização de follow-up e o desenvolvimento de programas de intervenção dirigidos aos pais e professores na perspectiva de prevenir ou minimizar déficits comunicativos.

ASSUNTO(S)

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