PrÃticas e eventos de letramento em meios populares: uma anÃlise nas redes sociais das crianÃas na comunidade do Coque
AUTOR(ES)
Ana ClÃudia Ribeiro Tavares
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi investigar a presenÃa e os modos de circulaÃÃo das prÃticas e dos eventos de letramento em uma comunidade da periferia da cidade do Recife, tendo em vista os momentos de interaÃÃo das crianÃas com a leitura e a escrita, sob a Ãtica de suas redes sociais de pertencimento. Argumenta-se que as comunidades de baixo poder aquisitivo e/ou risco social sÃo consideradas âmeios iletradosâ por apresentarem baixos nÃveis de rendimento escolar e/ou competÃncias de escrita. Nesse sentido, as crianÃas provenientes desses meios sÃo comumente associadas, nos diagnÃsticos e documentos norteadores das polÃticas pÃblicas de educaÃÃo à idÃia de fracasso escolar. No entanto, acredita-se que a discussÃo das prÃticas e dos eventos de letramento sà faz sentido se for abordada a partir de condiÃÃes que tornem possÃvel sua compreensÃo contextual e nÃo mais como um âmodismo educativoâ. Por essa via, neste trabalho, o eixo teÃrico do letramento inscreveu-se na linha de investigaÃÃo que aborda a escrita em seus usos, funÃÃes e significados sociais, como tambÃm a sua contribuiÃÃo para o desenvolvimento individual e coletivo, imersos numa perspectiva social e etnogrÃfica. Devido à escolha de uma anÃlise que nÃo pode ser dissociada do acontecimento do lugar, da ocasiÃo e/ou das pessoas nos quais os estudos sÃo realizados, optamos pelo paradigma sociolÃgico das redes sociais. Na perspectiva metodolÃgica, esta pesquisa se caracterizou pela aplicaÃÃo do âmapa de redesâ e das entrevistas com as crianÃas, das entrevistas com os sujeitos que constituÃam as redes sociais primÃrias e secundÃrias das crianÃas e das observaÃÃes nos espaÃos delimitados em que as crianÃas circulavam na comunidade. Os resultados obtidos permitiram concluir que as crianÃas se âancoravamâ em suas relaÃÃes concretas de pertencimento, por isso, nÃo desvinculavam, nem fragmentavam suas interaÃÃes com a leitura e a escrita de suas redes sociais, inclusive, daquelas geradas pelo espaÃo pÃblico, como a escola. Esse reconhecimento das prÃticas de letramento constitui as redefiniÃÃes de uso da leitura e da escrita, pois as crianÃas construÃam um fator de valoraÃÃo em suas interaÃÃes que as levavam a considerar o que era significativo nos eventos de letramento, em que o modo de circulaÃÃo da leitura e da escrita era crucial para fazer sentido em suas relaÃÃes sociais. Nossa compreensÃo, portanto, à que aprender e fazer uso da leitura e escrita exige mais do que o domÃnio de um cÃdigo, exige um necessÃrio reconhecimento mÃtuo: falar a linguagem da outra pessoa transcende falar uma linguagem dada, perpassa certos usos simbÃlicos da lÃngua que podem favorecer ou dificultar uma linguagem comum. Acreditamos que os resultados obtidos a partir das anÃlises tanto da perspectiva do letramento quanto das redes sociais contribuem nÃo apenas como recursos crÃticos para o reducionismo do fracasso escolar nos meios populares, mas nos permitem a ressignificaÃÃo de tÃticas concretas para a consolidaÃÃo, alargamento e ligaÃÃo dos sujeitos (professores, alunos, pais, amigos, ...) que compartilham o objetivo de acessar o mundo letrado
ASSUNTO(S)
meios populares educacao practices of literacy social nets eventos de letramento redes sociais popular areas events of literacy prÃticas de letramento
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