PrÃticas discursivas sobre participaÃÃo polÃtica juvenil: entre os prazeres, orgulho e sacrifÃcios

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este estudo focaliza a construÃÃo de sentidos sobre participaÃÃo polÃtica juvenil, a partir de exercÃcios discursivos e corporais com um grupo de jovens que atua em movimentos sociais. Compartilha uma inquietaÃÃo acerca do tratamento destinado ao jovem denunciado pela literatura crÃtica especializada, que aponta uma polissemia de definiÃÃes de juventude, muitas vezes subsumida por perspectivas âadultocÃntricasâ. Jovens sÃo, assim, situados entre dois pÃlos: por um lado, problema social e parcela da populaÃÃo alheia a questÃes polÃticas e voltadas apenas aos prÃprios interesses; por outro, aparecem referenciados em suas possibilidades de atuar e intervir em questÃes polÃticas, capazes de transformar realidades sociais. No conjunto desta literatura, especialmente a partir da dÃcada de 1990, emergem estudos e pesquisas que associam juventude à participaÃÃo em movimentos sociais. Na aproximaÃÃo com esta literatura, desenvolvem-se duas questÃes norteadoras desta pesquisa: em primeiro lugar, como jovens engajados em grupos e organizaÃÃes que integram movimentos sociais produzem sentidos sobre juventude? Uma pergunta complementar Ã: como esses jovens se posicionam neste contexto e que versÃes sobre participaÃÃo polÃtica produzem? Adotou-se, como referencial teÃrico, o construcionismo social, que busca desfamiliarizar sentidos e retÃricas naturalizadas, definindo a produÃÃo de sentidos como um fenÃmeno interativo, a partir do qual as pessoas se posicionam na vida cotidiana. A metodologia tomou por base a multimodalidade, na tentativa de construir e registrar discussÃes que oferecessem um olhar mais ampliado aos sentidos sobre juventude e participaÃÃo polÃtica em construÃÃo por jovens integrantes da rede MAB (Movimento de Adolescentes do Brasil), especialmente aqueles residentes na RegiÃo Metropolitana do Recife. Fez-se, assim, uso de diferentes recursos e procedimentos metodolÃgicos: 1) observaÃÃo participante; 2) oficinas de expressÃo, que incluÃram expressÃes corporais como o teatro e a danÃa Ãs discussÃes verbalizadas em grupo, inspiradas no modelo do Grupo Focal e 3) acompanhamento de jovens durante um dia de seu cotidiano. Os sentidos de juventude continuam - como na literatura especializada - plurais, porÃm novos (ou outros) repertÃrios sÃo identificados, levando-se em consideraÃÃo sua construÃÃo por atores sociais diretamente envolvidos nessa discussÃo, e atà entÃo com pouco espaÃo de expressÃo: os prÃprios jovens. Das anÃlises efetuadas, empregando estratÃgias diversas de reorganizaÃÃo de enunciados, a partir da identificaÃÃo de nomeaÃÃes, gÃneros de fala e outras expressÃes nÃo verbais, podem ser destacados um conjunto de cinco repertÃrios lingÃÃsticos por meio dos quais pudemos identificar jogos de posicionamento e interlocutores: poder e sujeitos (a)politizados; nÃoparticipaÃÃo de jovens em movimentos sociais; investimento afetivo intenso e extenso; conseqÃÃncias positivas, prazeres e orgulho; dificuldades, desestÃmulos e sofrimento. Em linhas gerais, tais produÃÃes discursivas englobam prazeres e orgulhos, mas tambÃm dificuldades e sacrifÃcios da atuaÃÃo polÃtica desenvolvida por esses jovens. As reflexÃes realizadas esperam contribuir ao debate sobre juventude e atuaÃÃo polÃtica, agregando reflexÃes nÃo apenas à comunidade acadÃmica, mas tambÃm Ãs polÃticas pÃblicas, grupos e organizaÃÃes sociais que atuam junto a jovens, destacando-se, tambÃm, contribuiÃÃes aos prÃprios jovens, com a possibilidade de, numa perspectiva de atuaÃÃo cientÃfica, Ãtica e polÃtica, favorecer-lhes espaÃo de reflexÃo, discussÃo e questionamentos acerca de suas escolhas e projetos polÃticos negociados numa perspectiva intergeracional

ASSUNTO(S)

discursive practices multimodal approach political participation juventude multimodalidade investigativa social movements prÃticas discursivas youth psicologia participaÃÃo polÃtica

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