Por uma propedêutica poética no ensino de filosofia para crianças e jovens

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este trabalho apresenta a proposta da arte poética enquanto elemento propedêutico no ensino de filosofia para crianças e jovens. Com o advento da lei n° 11.684, de dois de junho de 2008, que altera o art. 36 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 2006 e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, inserindo as disciplinas de filosofia e sociologia como obrigatórias nos currículos de ensino médio, acentua-se as discussões sobre a validade ou não do ensino da filosofia aos alunos que se encontram nesta faixa etária e que possam comprometer o estudo da mesma. Um conjunto de fatores se entrecruza na busca de uma resposta para a questão. De um lado, a possibilidade não muito clara do papel da filosofia enquanto elemento indispensável para o projeto de saída da menoridade e, consequentemente, o exercício consciente da liberdade; de outro, o problema dos prazeres e utilidades que acabam se sobrepondo nas escolhas das crianças e jovens em suas atividades, comprometendo a validade de uma prática intelectual e existencial que possui como fim a busca pela verdade. Descreve a insatisfatória resposta kantiana para o problema pedagógico em questão perante os obstáculos apontados por filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles no tocante ao ensino de filosofia para indivíduos inseridos nesta faixa etária. No entanto, não invalida o desenvolvimento da disciplina por ser uma realidade existente em nossas escolas brasileiras. Neste sentido, sob o rótulo de “filosofia”, assinala como alternativa o desenvolvimento de um ensino propedêutico que visa direcionar adequadamente os futuros estudantes de filosofia. Por meio da arte poética, destaca a importância da inserção introdutória do aluno em um mundo de impressões possíveis e verossímeis que acabaria gerando o alargamento de suas experiências sobre temáticas abordadas em níveis de discursos como o dialético. Assim, descreve a transição da doxa para a episteme sem saltar estágios que, quando suprimidos, impossibilitam a construção de conceitos efetivamente universais, pois um número reduzido de experiências possíveis acaba gerando abstrações parciais como se universais fossem. Além disso, menciona o perigo do desprendimento das estruturas lingüísticas com relação às experiências correspondentes que abririam as portas para a prática da logomaquia. Destaca a importância do conhecimento das estruturas simbólicas que permeiam as artes nos processos pedagógicos que visam fomentar as tensões possíveis presentes neste tipo de linguagem. Exemplifica essa metodologia aplicando-a especialmente na análise do filme Onde fica a casa do meu amigo? e demonstra a eficácia dessa linguagem na inserção de crianças e jovens no caminho que levará à filosofia.

ASSUNTO(S)

filosofia - estudo e ensino educação - filosofia philosophy education philosophy study and teaching

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