Por que os homens nunca ouvem e as mulheres não sabem estacionar? : analisando a rede de discursos das neurosciências quanto às questões de gênero em alguns artefatos culturais
AUTOR(ES)
Magalhães, Joanalira Corpes
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo investigar alguns artefatos culturais - revistas de divulgação científica e programas de TV - que abordam as temáticas relacionadas às neurociências, analisando na rede de discursos, presentes em suas pedagogias, a constituição das identidades de gênero. Este estudo fundamenta-se a partir dos campos teóricos dos Estudos Culturais e de Gênero, pelo viés de suas vertentes pós-estruturalistas. Por esse viés, entendemos os corpos e os gêneros como construções sócio-históricas e culturais engendradas em relações de poder-saber, sendo as feminilidades e as masculinidades não somente constituídas pelas características biológicas, mas, sim, por tudo que se diz ou se representa a respeito destas características. Neste sentido, as diferentes instituições, os discursos, os códigos, as práticas educativas, as leis e as políticas de uma sociedade são espaços constituídos e atravessados pelas representações de gênero e, ao mesmo tempo, também produzem, expressam e/ou (re)significam tais representações. A análise da rede de discursos científicos presentes nas pedagogias culturais investigadas nesta dissertação - artigos publicados nas revistas de divulgação científica Viver, Mente e Cérebro e Scientific American Brasil, e os programas de TV Globo Repórter e Fantástico (série Sexo Oposto) - me possibilitou perceber o quanto estas apontam, justificam e naturalizam comportamentos, posicionamentos sociais, padrões cognitivos, habilidades, condutas, entre outros aspectos relacionados aos gêneros, focando no cérebro a origem das distinções/diferenciações entres eles. Possibilitou, também, perceber o quanto esses discursos nos interpelam e nos ensinam modos de ser homem e mulher, de viver nossas masculinidades e feminilidades. Nesta investigação, ficou evidenciado que esses discursos construídos pela linguagem da Ciência, reforçados e (re)produzidos pela mídia impressa e televisiva, são tomados como "verdades", imprimindo nos corpos femininos e masculinos as diferenças que justificam as relações desiguais entre os gêneros na sociedade. Ao falar do cérebro de meninos e meninas, adolescentes, homens e mulheres, estes discursos regulam, normatizam, instauram saberes e instituem verdades.
ASSUNTO(S)
análise do discurso neurosciences gender gênero estudos culturais discourse pedagogia cultural pedagogies cultural studies neurociências
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/15947Documentos Relacionados
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