Poluição aquática em Santos (SP): uma abordagem interdisciplinar / Aquatic Pollution in Santos (SP): an interdisciplinary approach.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/02/2010

RESUMO

A poluição aquática em Santos é uma questão ambiental prioritária, interdisciplinar por natureza, devido aos seus efeitos ecológicos, de saúde pública e sócio-econômicos. Trata-se de um problema amplamente relatado, cuja evolução acompanhou o histórico de desenvolvimento econômico da região. A presente pesquisa partiu de análises pontuais de um único, porém representativo, canal de drenagem pluvial urbana e das praias receptoras de seu conteúdo, para uma análise da poluição aquática no município como um todo. Para isso, foram usadas diferentes metodologias: coletas de amostras de água do canal e do mar, seguidas de análises físicas, químicas e ecotoxicológicas; pesquisas sobre as políticas públicas relacionadas à poluição hídrica local e aplicação de entrevistas estruturadas em frequentadores das praias. Além disso, foi analisada uma série histórica de dados microbiológicos das águas costeiras santistas. Os resultados indicam toxicidade aguda eventual nas amostras do canal e toxicidade crônica nas amostras da água do mar, coletadas em 2007, e severa contaminação de origem fecal, ao menos nas últimas três décadas. A pesquisa sobre as políticas públicas constatou que algumas surtiram efeitos positivos, mas não foram suficientes para melhorar a qualidade da água e mantê-la adequada, seja por sua descontinuidade, seja pelo crescimento acelerado no município, tanto demográfico, quanto econômico. A maioria das ações tem despontado em resposta a situações críticas, sendo implantadas sem planejamento adequado, visando conter apenas as conseqüências ambientais, e não as reais causas dos problemas. Como as políticas públicas geralmente não surgiram de processos de gestão participativa, também foram analisados alguns instrumentos de participação pública vigentes em Santos existe um envolvimento ainda incipiente da população, mas com iniciativas interessantes e potencialmente viáveis. Em relação às entrevistas, foram analisadas as respostas de 83 pessoas, entre as quais 77% eram residentes e o restante turistas. A maioria dos entrevistados acredita que as praias estão poluídas e que a situação dos canais é ainda mais crítica, corroborando com os resultados encontrados nas análises ecotoxicológicas e com os dados de contaminação microbiológica. Grande parte dos entrevistados não se banha justamente pela qualidade da água duvidosa, mas não se sentem responsáveis pela situação, nem demonstram iniciativa para pressionar o poder público a revertê-la. Quando os dados da pesquisa são integrados, é possível constatar que a qualidade da água das praias de Santos é crítica, como resultado de um modelo insustentável de desenvolvimento, com falta de planejamento e políticas públicas inconsistentes. Essa situação é agravada pela passividade observada entre muitos dos frequentadores das praias, que, apesar de cientes da poluição, não se envolvem na busca de soluções. Espera-se que a pesquisa contribua para o controle da contaminação aquática local, através do estabelecimento de políticas e ações que considerem todas as dimensões do problema e especialmente as suas causas. O presente estudo demonstra que a integração de diferentes métodos de avaliação permite uma compreensão maior acerca dos problemas ambientais e consequentemente pode subsidiar soluções mais efetivas. Além disso, foi enfatizada a importância da interdisciplinaridade em estudos de questões ambientais.

ASSUNTO(S)

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