Políticas de currículo em Niterói, Rio de Janeiro: o contexto da prática / Curriculum policy in Niteroi, Rio de Janeiro: the context of practice

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta pesquisa analisa a política curricular da Rede Municipal de Educação de Niterói, RJ, na gestão do Partido dos Trabalhadores, triênio 2005 2008. O currículo é abordado neste trabalho como artefato cultural marcado por processos de hibridação. Com base na abordagem do ciclo de políticas de Stephen Ball, as políticas de currículo são tratadas como textos, discursos e práticas produzidos em três contextos articulados entre si e permeados por relações de poder e disputas pela significação e controle simbólico do currículo. A partir das contribuições de Ernesto Laclau, entendo que no processo de produção da política curricular, sujeitos se articulam para defender determinadas concepções de currículo, as quais querem hegemonizar. A produção curricular, nessa perspectiva, é uma luta hegemônica caracterizada pela tensão entre particular e universal. O objetivo da presente pesquisa é analisar as interpretações que o contexto da prática opera sobre os textos que representam a política curricular defendida pelo poder público local. Defino o contexto da prática nesta pesquisa como o 3 e 4 ciclos do Ensino Fundamental de uma escola denominada, ficticiamente, Escola Niterói. Os sentidos curriculares produzidos nessa escola foram acessados por meio de entrevistas realizadas com professores das oito disciplinas que compõem o currículo escolar. O contexto de produção dos textos é acessado através da análise dos quatro documentos curriculares produzidos pela Fundação Municipal de Educação, nos quais investigo também sentidos do contexto de influência da política. Analisando os sentidos que estão em jogo nos documentos curriculares e na Escola Niterói, concluo que há interpretações diversas, desenvolvidas em consonância com as demandas defendidas pelos grupos em disputa pela hegemonia no currículo. Identifico dois projetos curriculares em disputa a partir dos quais dois grupos se constituem: os que defendem a proposta da FME e os que a ela se opõem. No grupo favorável à proposta da FME, está grande parte das pedagogas da Escola Niterói, alguns poucos professores e os membros da equipe da FME; no grupo que se opõe a proposta está a maioria dos professores entrevistados que acredita na inviabilidade de sua adequação à realidade do contexto da prática. A insatisfação declarada por alguns professores passa a ser um dos elementos que une esses professores, criando uma identidade que é ao mesmo tempo fomentada em função da oposição à proposta hegemônica e do desejo de constituírem outra proposta particular.

ASSUNTO(S)

ciclos política de currículo professores participação no planejamento escolar curriculum policy integração curricular cycles curriculo curriculum integration educação e estado

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