Poética da esquiva: modos como a arte colabora para a produção da subjetividade que escapamàs sociedades de controle

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente trabalho investiga meios como a arte pode colaborar para criar maneiras de existir singulares, no contexto das transformações sócio-culturais e tecnológicas, que promovem a indiferenciação e a anestesia, eliminando as singularidades. É esboçado um diagnóstico do contexto em que a produção artística se realiza nos dias de hoje, destacando-se o problema da implementação desenfreada de aparelhos eletrônicos de vigilância, justificado pelo aumento da violência urbana. Através desse diagnóstico é possivel verificar que as tecnologias de informação e comunicação, associadas aos sistemas de vigilância, permitem produzir perfis de comportamento de cada indivíduo, a partir dos dados fomecidos aos sistemas em sua movimentação cotidiana. Esses perfis são usados para o controle em prol do consumo, como estratégias de marketing cada dia mais personalizadas, e também para o controle do Estado que detecta desvios no padrão dos dados. Esse é o contexto das sociedades de controle descritas por GUIes Deleuze, que sucedem as sociedades disciplinares definidas por Michel Foucault. Também são apontadas mudanças na figura da subjetividade na modemidade e na pós-modemidade: de uma identidade fixa, interpretadora do mU,Qdo e produtora de novidades, para identidades múltiplas, escolhidas dentre modelos prontos para usar (prêt-àporter) que se apropria e rearticula produções anteriores. É apresentada a hipótese de que as subjetividades são produzidas a partir da relação de um indivíduo com os objetos que o cercam, que funcionam como dispositivos para os processos de subjetivação. A arte é considerada um dispositivo, já que, como todos os outros objetos, participa de processos de subjetivação quando um indivíduo se relaciona com ela. A arte como dispositivo contêm a potência de produzir subjetividades que escapam às modulações das sociedades de controle. A rede é apresentada como metáfora para a compreensão de diversas estruturas atuais, desde as relações interpessoais, os processos criativos, até mesmo a formação das consciências, e é exemplificada nos processos criativos contemporâneos. Os artistas e produtores culturais são apresentados como orquestradores de sentidos que se apropriam de tudo o que já foi produzido, recombinando e propondo novos sentidos. A apropriação e o desvio como estratégia de criação são apontados em exemplos de artistas profissionais, iniciantes, coletivos e não-artistas. São descritos ambientes nos quais existiria uma certa liberdade criativa e a suspensão da ordem hierárquica, por algum tempo. Sítios que permitiriam a coexistência de situações, objetos ou pessoas que não costumam se encontrar em outros lugares, e que permitem a liberdade criativa enquanto passam despercebidos pelo controle. Conclui-se que é necessário permanecer invisível aos sistemas de informação e vigilância, para manter a liberdade criativa e a possibilidade de produzir subjetividades éticas e estéticas que escapam às modulações da sociedade de controle. Para isso é necessário controlar os dados que são fornecidos a esses sistemas de forma a não se destacardo fluxo de dados cotidiano

ASSUNTO(S)

arte contemporânea artes production of subjectivities vigilância device society of control sociedade de controle contemporary art dispositivo produção de subjetividade surveillance

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