Phytosociology and dendrological aspects of feijoa in the upper watershed of Urugay River / Fitossociologia e aspectos dendrológicos da goiabeira-serrana na bacia superior do Rio Uruguai

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A espécie goiabeira-serrana, Acca sellowiana (Berg) Burret, é uma frutífera nativa do Planalto Meridional Brasileiro, relativamente abundante na bacia superior do Rio Uruguai. Os frutos com sabor peculiar já há algum tempo vem despertando interesse em que a espécie possa ser domesticada para cultivos comerciais. Em Santa Catarina, seu cultivo comercial tem se iniciado recentemente na região de maior altitude, no município de São Joaquim. Trabalhos recentes mostraram a variabilidade genética a partir de progenitores selvagens. Isto pode estar associado à diversidade de ambientes em que a goiabeira-serrana ocorre, bem como de sua distribuição geográfica, considerando a co-evolução com a comunidade existente e as interações biológicas decorrente deste processo. Pomares de Acca sellowiana mantidos em monocultivo têm mostrado distúrbios ainda não relatados em seu hábitat natural, nos remanescentes florestais. A antracnose, por exemplo, decorrente do ataque de Colletrotrichum sp, tem sido causa de severas perdas e morte de plantas observadas em vários pomares. Por outro lado, os cultivos comerciais seguem padrão convencional de monocultivo, o que pode estar favorecendo a alta incidência não só da antracnose, mas também das mosca-das-frutas, Anastrepha fraterculus. Este trabalho teve o objetivo de estudar aspectos fitossociológicos e dendrológicos da goiabeira-serrana bem como características fitogeográficas dos ecossistemas onde a mesma ocorre naturalmente. O levantamento de dados foi realizado na região da bacia superior do Rio Uruguai, durante o período de agosto de 2004 a setembro de 2005, em expedições de estudo a 24 remanescentes florestais, compreendendo 158 pontos de observação centrados em indivíduos adultos da espécie Acca sellowiana. Consideraram-se como indivíduos adultos, plantas que apresentassem frutos, flores e/ou perímetro de fuste acima de 15 cm. O estudo fitossociológico foi realizado utilizando-se o método dos quadrantes modificado a partir do descrito por Mueller-Dombois e Ellenberg (1974). O ponto materializado de amostragem era a goiabeira-serrana, cujas distâncias entre os mesmos dependia dos indivíduos de goiabeira. Em relação ao ponto amostrado da goiabeira, tomaram-se dados da sua localização no remanescente florestal, posição social, freqüência de interação com epífitas e entomofauna associada. Os dados foram submetidos à análise de freqüência e ao cálculo do índice de sociabilidade. A identificação das espécies associadas foi feita por análise comparativa de sua morfologia com herbário local e bibliografia disponível. Os dados dendrométricos coletados foram o perímetro na altura do peito, a altura do ponto de inversão morfológica, diâmetro da copa, forma da copa e forma de fuste. Aspectos fitogeográficos foram obtidos pela altitude, declividade, localização e tipologia vegetal dos remanescentes florestais. Os pontos estudados, centrados em Acca sellowiana, encontraram-se distribuí dos entre 715 m, municí pio de Celso Ramos, a 1692 m de altitude no municí pio de Urubici, com maior freqüência nas altitudes de 900 a 1300 m. Sua distribuição esteve associada predominantemente a remanescentes florestais, cujo agrupamento vegetal era o da Mata de Araucária , em encostas com declividades acima de 16%. Os exemplares da goiabeira-serrana foram localizados em mais de 50%, na parte interna dos remanescentes florestais, cuja posição social foi maior na condição de sombra e seguida de sub-dossel. Nestas condições, a fumagina e lagartas desfoliadoras ocorreram em incidência média. Com relação a manchas foliares decorrentes do parasitismo de microorganismos, as mesmas ocorreram em baixa freqüência no hábitat natural. A análise de freqüência para as espécies associadas mostrou que pelo menos 32,7% das espécies levantadas nos quadrantes ocorreram em observações únicas. Apenas uma espécie, Araucaria angustifolia ocorreu em mais de 50% dos pontos amostrados. De fato, o remanescente florestal do tipo mata de araucária é predominante na região estudada, estando os exemplares de goiabeira-serrana próximos aos indiví duos de araucária. O índice de sociabilidade confirma esta tendência, visto ser o maior valor (0,377) entre as 52 espécies encontradas nos 158 pontos estudados. Outras espécies de alta sociabilidade são a Fagara rhoifolia (0,367), Podocarpus lambertii (0,350), Ocotea pulchella (0,320), 9 Eugenia pyriformis (0,317) e Casearia sylvestris (0,308). As espécies de menor sociabilidade à goiabeira-serrana, segundo o índice calculado, desconsiderando os eventos únicos, são: Parapiptadenia rigida, Lamanonia ternata, Actinostemon concolor, Eugenia uniflora, Ocotea puberula, Xylosma tweedianum e Nectandra rigida. Em resumo, a goiabeira-serrana tem alta sociabilidade com a Araucária angustifolia e Podocarpus lambertii. Localiza-se em ambientes de sub-dossel a sombra no interior dos remanescentes florestais. A planta adulta tem fuste levemente tortuoso a tortuoso com copa irregular a múltipla, altura média de 6,5 m e alta variabilidade de perí metro na altura do peito e do ponto de inversão morfológica.

ASSUNTO(S)

plant ecology dendrologia guava ecologia vegetal goiaba

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