Pesquisa colaborativa e comunidades de aprendizagem: possíveis caminhos para a formação continuada

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Neste trabalho, discorremos sobre a construção e desenvolvimento de uma proposta de formação continuada com um grupo de professores de Química do Ensino Médio. Os questionamentos que originaram este trabalho estão relacionados às nossas angústias pessoais, decorrentes de uma prática docente isolada e dificuldade de acesso a programas de formação continuada. Posteriormente, no âmbito do mestrado profissional em Ensino de Ciências, tais questionamentos passaram a ter uma maior abrangência e envolver a lógica da racionalidade técnica que direciona os programas de formação docente inicial e continuada tradicionalmente desenvolvidos. Buscando formas de superar tais problemas, propusemos aos professores de Química do Ensino Médio de Januária, Minas Gerais, uma parceria, na forma de pesquisa colaborativa, para desenvolver uma proposta de formação continuada em perspectiva crítico-reflexiva. O grupo constituído, o qual denominamos Comunidade Formação Permanente em Ensino de Química, construiu a proposta enquanto a vivenciava. Na perspectiva por nós adotada, investigação e formação se entrelaçam em um único processo. A investigação sobre a prática docente, exercida de forma colaborativa, envolveu a identificação de aspectos problemáticos relativos a essa prática e de teorias que subjazem as ações docentes. A partir desse conhecimento, foram levantados questionamentos, pesquisados novos aportes teóricos e a prática docente foi analisada à luz desses aportes. O objetivo era (re)construir conhecimentos que pudessem desencadear e alicerçar transformações que contribuíssem para a melhoria do ensino de Química e para o desenvolvimento pessoal e profissional de todos os envolvidos. Como não pretendíamos uma ação que fosse concebida e construída unilateralmente e a priori, buscamos caminhos alternativos, pelos quais pudéssemos envolver os professores não como objetos, mas como sujeitos dos processos desenvolvidos. Os posicionamentos teórico-metodológicos assumidos nos possibilitaram articular conceitos como formação continuada em uma perspectiva crítico-reflexiva, pesquisa colaborativa e comunidades de aprendizagem na implementação do nosso processo investigativo/formativo. Dos dados gerados no decorrer do processo emergiram dois focos de análise, o desenvolvimento da comunidade e o desenvolvimento do processo formativo. Embora a tarefa de análise dos dados seja tradicionalmente individual, tal perspectiva não seria coerente com o processo colaborativo por nós vivenciado até então. Assim consideramos a necessidade de incorporar as vozes dos professores-parceiros também nessa etapa. Fundamentados na concepção de que na pesquisa colaborativa pesquisadores e professores desempenham papéis diversos, porém complementares, entendemos que a contribuição dos professores-parceiros para essa etapa da nossa pesquisa não seria realizar conosco a análise sistemática, nos moldes dos trabalhos científicos, mas poderia se dar por meio de uma reflexão sobre os focos de análise identificados no processo de tratamento dos dados. A essência do nosso processo formativo, coletivo e colaborativo, é a elaboração, apropriação e aplicação de um conhecimento sistematizado, embasado na articulação teoria- prática. Dessa forma, nos constituímos sujeitos-autores dos nossos processos de formação e das nossas práticas e ampliamos nossa autonomia, enquanto construímos e percorremos os caminhos do nosso desenvolvimento pessoal e profissional

ASSUNTO(S)

pesquisa colaborativa formação continuada de professores de química ensino e aprendizagem na sala de aula comunidade de aprendizagem

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