Periurbanização da leishmaniose visceral e emergência da coinfecção HIV/leishimania, no Rio Grande do Norte

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Leishmaniose visceral (LV) vem sofrendo modificações do ponto de vista clínico e epidemiológico mundialmente. Urbanização foi descrita em diferentes regiões do Brasil e do mundo, como também no estado do Rio Grande do Norte, influenciando sobremaneira no comportamento clínico da doença. Uma nova entidade clínica denominada co-infecção HIV/leishmania vem sendo descrita, como conseqüência da sobreposição de áreas de ocorrência de LV e HIV/AIDS, em diferentes países incluindo o Brasil. O objetivo deste estudo foi definir o processo de periurbanização da LV e descrever série de casos da co-infecção HIV/Leishmania no Rio Grande do Norte. Mudança no padrão demográfico da LV no RN foi detectada, sendo observado aumento no número de indivíduos na idade adulta, do sexo masculino. Análise da distribuição espacial demonstrou que nos últimos 20 anos LV tende a instalar-se em municípios de maior porte e, portanto, mais urbanizados do RN, sendo as regiões leste e oeste as de maior risco para a doença. A primeira região inclui Natal, capital do estado, onde o processo de periurbanização iniciou-se, em 1990 e, a outra, inclui a cidade de Mossoró, segunda maior do estado, onde a periurbanização iniciou-se nos últimos 5 anos. Também em 1990 registra-se a emergência da co-infecção HIV/ Leishmania no estado. Estudo tipo caso-controle revelou que a nova entidade clínica acomete indivíduos adultos do sexo masculino, que adquirem HIV por via sexual; 40% destes com história de infecção prévia por leishmania. Recaídas e óbito por LV é maior em pacientes HIV positivos comparados com pacientes HIV negativos, pareados por sexo e idade. Esse padrão é bastante semelhante ao europeu, exceto, pela via de transmissão, que ocorre lá de modo concomitante, por via parenteral, em usuários de drogas ilícitas. Adicionalmente, a análise de distribuição espacial identificou sobreposição de áreas de ocorrência de HIV/AIDS e LV no RN apontando para risco aumentado da nova entidade clínica descrita acima. Portanto, vigilância epidemiológica para co-infecção HIV/Leishmania deve ser adotada em todas as áreas de risco. Ao mesmo tempo, faz-se necessário avaliar resistência às drogas utilizadas atualmente, no tratamento da LV, bem como, transmissão parenteral de L infantum/chagasi, nas áreas onde a dependência de droga é fator de risco para aquisição de HIV

ASSUNTO(S)

calazar (leishimaniose visceral) leishmania chagasi periurbanização infecção subclínica co-infecção-hiv/leishmania ciencias da saude

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