Perfil e prognóstico a longo prazo dos pacientes que recebem terapia insulínica em unidades de terapia intensiva clínico-cirúrgica: estudo de coorte
AUTOR(ES)
Boff, Márcia Inês, Hetzel, Márcio Pereira, Dallegrave, Daniele Munaretto, Oliveira, Roselaine Pinheiro de, Cabral, Claúdia da Rocha, Teixeira, Cassiano
FONTE
Revista Brasileira de Terapia Intensiva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-12
RESUMO
OBJETIVOS: Hiperglicemia induzida por estresse ocorre com freqüência em pacientes criticamente doentes e tem sido associada a aumento de mortalidade e morbidade tanto em pacientes diabéticos, quanto em não diabéticos. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil e prognóstico a longo prazo dos pacientes críticos que recebem terapia insulínica contínua na unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Coorte prospectiva, em que foram estudados os pacientes internados na unidade de terapia intensiva no período de 1 ano. Foram analisadas variáveis demográficas, escores de gravidade e o prognóstico a curto na unidade de terapia intensiva, e a longo prazo (2 anos da alta da unidade de terapia intensiva). Os pacientes foram classificados em 2 grupos: pacientes que receberam terapia insulínica contínua para controle glicêmico indicada pela equipe da unidade de terapia intensiva e pacientes que não receberam terapia insulínica. RESULTADOS: Dos 603 pacientes incluídos no estudo, 102 (16,9%) receberam terapia insulínica contínua, objetivando níveis glicêmicos <150 mg/dL e 501 pacientes (83,1%) não receberam insulina contínua. Os pacientes que necessitaram terapia insulínica contínua eram mais graves que os do grupo não necessitou de terapia insulínica: escore APACHE II (14 ±3 versus 11 ±4; p =0,04), escore SOFA (4,9 ±3,2 versus 3,5 ±3,4; p <0,001) e TISS das 24h (25,7 ±6,9 versus 21,1 ±7,2; p <0,001). Os pacientes do grupo que recebeu terapia insulínica contínua tiveram também pior prognóstico: insuficiência renal aguda (51% versus 18,5%; p <0,001), polineuropatia da doença crítica (16,7% versus 5,6%; p <0,001)] e maior mortalidade [na unidade de terapia intensiva (60,7% versus 17,7%; p <0,001) e 2 anos após a alta da unidade de terapia intensiva (77,5% versus 23,4%; p <0,001). CONCLUSÃO: A necessidade de controle glicêmico rigoroso através do uso de protocolos de insulina contínua é um marcador de gravidade e de pior prognóstico dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, refletindo também maior mortalidade a longo prazo.
ASSUNTO(S)
glicemia hiperglicemia insulina hipoglicêmicos prognóstico cuidados intensivos
Documentos Relacionados
- Qualidade de vida pós-unidades de terapia intensiva: protocolo de estudo de coorte multicêntrico para avaliação de desfechos em longo prazo em sobreviventes de internação em unidades de terapia intensiva brasileiras
- Características e desfechos em curto prazo de pacientes com câncer esofágico em admissões não planejadas a unidades de terapia intensiva: um estudo de coorte retrospectiva
- Valor prognóstico da hiperlactatemia em pacientes admitidos com infecção em unidades de terapia intensiva: estudo multicêntrico
- Perfil de fisioterapeutas brasileiros que atuam em unidades de terapia intensiva
- Síndrome do T3 baixo como fator prognóstico em pacientes na unidade de terapia intensiva: estudo de coorte observacional