Perfil cognitivo, ritmo e padrÃes do sono em pacientes portadores de esquizofrenia. / Sleep alterations, circadian rhythm and cognitive function in schizophrenia â a study of 82 patients.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/10/2007

RESUMO

A esquizofrenia à uma doenÃa heterogÃnea quanto a caracterÃsticas e gravidade dos sintomas. Diversas alteraÃÃes relacionadas ao sono, com possÃveis efeitos sobre a capacidade funcional, foram descritas. Dentre os poucos estudos que registraram ritmo circadiano na esquizofrenia, alguns sugerem que os indivÃduos com alteraÃÃes de ritmo apresentam menor rendimento em testes neuropsicolÃgicos. Os estudos neuropsicolÃgicos com pacientes esquizofrÃnicos dÃo conta de um comprometimento de diversos tipos de funÃÃes incluindo a memÃria operacional tanto verbal quanto viso-espacial. Muitos desses testes sÃo considerados longos e complicados e a utilidade de cada um deles ainda nÃo està esclarecida. Este trabalho teve por objetivo: avaliar os padrÃes do sono, o cronotipo, o perfil neurocognitivo e as suas relaÃÃes com parÃmetros clÃnicos e funcionais. Trata-se de estudo observacional, transversal, de pacientes com esquizofrenia, em uso de antipsicÃticos convencionais ou de Ãltima geraÃÃo, quanto à capacidade funcional, alteraÃÃes do sono e perfil neurocognitivo. Foram utilizadas medidas para avaliaÃÃo da capacidade de funcionamento (Escala de AvaliaÃÃo Global do Funcionamento â AGF), gravidade das comorbidades (Cumulative Illness Rating Scale â CIRS), qualidade do sono (Ãndice de Qualidade de Sono de Pittsburgh â IQSP), sonolÃncia diurna (Escala de sonolÃncia de Epworth â ESE), cronotipo (QuestionÃrio de Horne e Ãstberg) e uma bateria de testes neurocognitivos incluindo os testes de Stroop, DÃgitos Direto e Indireto, Corsi Direto e Indireto e FluÃncia Verbal (CategÃrico). Foram estudados 82 pacientes (51,2% do sexo masculino) com idade entre 17 e 59 anos (35,2Â10,4) em uso de antipsicÃticos convencionais (N=22), olanzapina (N=30) ou risperidona (N=30). Observou-se mÃ-qualidade do sono (IQSP>5) em 41 (50%) e sonolÃncia excessiva diurna (ESE≥10) em 20 (24,4%) pacientes. A mà qualidade do sono associou-se com o gÃnero feminino (P=0,01). Uma tendÃncia de associaÃÃo entre a capacidade funcional e a qualidade do sono (P=0,07) foi registrada. Observou-se que a pior capacidade funcional associou-se com a idade mais avanÃada, um nÃmero reduzido de anos escolares e maior gravidade das comorbidades. Com relaÃÃo ao cronotipo e considerando o grupo total, 08 pacientes (9,8%) eram do tipo definitivamente vespertino, 39 (47,6%) eram do tipo moderadamente vespertino, 33 (40,2%) eram do tipo indiferente, dois (2,4%) eram moderadamente do tipo matutino e nenhum era definitivamente matutino. Os pacientes mais jovens e do sexo masculino apresentavam uma preferÃncia mais vespertina (F= 6,32; P= 0,01), de forma semelhante à populaÃÃo em geral. Os casos em uso de antipsicÃticos convencionais apresentaram uma tendÃncia para maior preferÃncia vespertina. As comorbidades mais frequentemente relatadas relacionaram-se a queixas osteoarticulares, sintomas psicolÃgicos e alteraÃÃes metabÃlicas. Os testes neurocognitivos apresentaram-se alterados na maioria dos casos, observando-se que a maioria dos pacientes apresentava escores inferiores a 80% dos valores historicamente normais. O teste de Stroop relacionou-se com a AGF apÃs controle para a idade e escolaridade (F= 6,43; P= 0,001). O teste de DÃgitos Indireto relacionou-se com a AGF apÃs controle para o gÃnero, a escolaridade e o tipo de antipsicÃtico (F= 4,76; P= 0,003). O teste de Corsi Direto relacionou-se com a capacidade global de funcionamento apÃs ajuste para o gÃnero (F= 3,68; P= 0,01). O teste de Corsi Indireto relacionou-se com a capacidade global de funcionamento apÃs ajuste para o gÃnero, escolaridade e tipo de tratamento (F=3,03; P= 0,02). Os testes de Stroop e DÃgitos Indireto associaram-se mais fortemente e de forma independente com a capacidade funcional seguidos pelo Teste de Corsi Direto e Indireto. Observou-se uma relaÃÃo entre o sexo feminino e a alteraÃÃo do Teste de Corsi Indireto que avalia memÃria espacial. Em conclusÃo, mà qualidade do sono à comum e associa-se ao sexo feminino. Observa-se uma tendÃncia de associaÃÃo entre a qualidade do sono e a capacidade funcional. No grupo geral, a preferÃncia vespertina foi predominante. Os testes neurocognitivos estavam alterados na maioria dos casos. Os testes de Stroop e DÃgitos Indireto, dois testes de realizaÃÃo rÃpida e fÃcil que avaliam a memÃria operacional, foram os que melhor se associaram com a capacidade funcional.

ASSUNTO(S)

psiquiatria esquizofrenia agentes antipsicÃticos sono cronobiologia cogniÃÃo memÃria testes neuropsicolÃgicos. schizophrenia antipsychotic agents sleep cronobiology cognition memory neuropsicological tests.

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