Percursos da cultura brasileira no discurso publicitário das revistas semanais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os conceitos teóricos que fundaram a publicidade e propaganda no Brasil são diferentes das bases conceituais que apóiam a propaganda moderna como atividade da ciência da Comunicação, fortalecida pelos instrumentos do marketing norteamericano que se solidificaram com a sociedade da mídia, passando por um processo de adequação frente às novas exigências da economia internacionalizada e competitiva. Com isso, o objetivo desta pesquisa é analisar as práticas discursivas que incorporam a todo instante novos valores e novos conceitos, pela pesquisa exploratória do discurso publicitário praticado nas propagandas de revistas semanais, com recorte detalhado para as publicações da revista Veja, veiculadas no ano de 2007, em comparação com outros anúncios de revistas que datam a evolução do discurso publicitário brasileiro. Ao introduzir os conceitos mercadológicos importados da cultura norte-americana gerados por uma reorganização social focada em valores financeiros e no prestigio social mais capitalista, o exercício publicitário foi orientado por práticas modelizantes e estandartizadas que ao invés de aumentar a conectividade com seus públicos de interesse, isolou e excluiu os valores da cultura mestiça e solar, que são fundamentais para constituir um terreno fértil e abundante para prática criativa, importantes para propaganda. Nessa perspectiva histórica, a publicidade pode ser vista de duas formas distintas, de um lado encontra-se uma atividade estética e estática, que ignora os objetos da cultura mestiça e as partes orgânicas que se desenvolveram nas sociedades da América Latina, do outro lado existe a propaganda barroca, plural e mestiça, que não se rendeu a ao centralismo econômico e as forças hegemônicas do mundo capitalista, transformando-se numa técnica apurada que cresceu envolta por diferentes conceitos, do marketing moderno ao barroco brasileiro, evidenciando um dos maiores conflitos conceituais já discutidos na área, revelando a existência da dicotomia entre a complexidade cultural da propaganda brasileira, frente à mecanização das técnicas publicitárias disseminadas nas escolas de Comunicação e, promovidas, essencialmente, pela vasta parafernália tecnológica que concedeu o tratamento formal que a propaganda foi atribuindo ao seu expediente profissional. Para dar conta dos conceitos explorados na pesquisa, adotaram-se os estudos da semiosfera descritos por Lotman, envolvendo também os trabalhos de Edgar Morin, sobre os processos civilizatórios e os estudos de Baktin, que englobam o discurso publicitário, bem como as questões de complexidade cultural e mestiçagem, encontrados nos trabalhos de Canclini, Jesus Martín-Barbero, Amálio Pinheiro e Boaventura Santos, entre outros autores imprescindíveis para o assunto, como José Lezama Lima, Claude Holpinks, Raymond Willians, Lula Vieira e Eliseo Cólon, que tratam das proposições descritas no projeto e discutidas ao longo do percurso para levar a cabo os estudos sobre a publicidade brasileira e seus processos de exclusão cultural

ASSUNTO(S)

comunicacao cultura discurso communication semiotics speech advertising publicidade em revistas propaganda culture

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