Percepções de qualidade de vida e uso de prótese auditiva em adultos jovens surdos pré-linguais
AUTOR(ES)
CLÁUDIA WEYNE PARENTE RIBEIRO MAGALHÃES
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
As pessoas surdas, da mesma forma que outras pessoas com deficiências, têm maiores possibilidades que as pessoas ditas normais, de deparar-se com ambientes psicossociais desfavoráveis e encontram-se sob a influência de barreiras que limitam sua participação social, situação que poderia influir negativamente na qualidade de vida (QV). Estas condições perpassam o processo de formação da identidade e afetam especialmente os indivíduos surdos pré-linguais que foram protetizados tardiamente e não tiveram acesso à língua (oral ou de sinais) e com ela, à linguagem escrita, como parte da socialização. Essa realidade foi o fator motivacional desencadeante desta pesquisa. Como os adultos jovens surdos pré-linguais percebem sua QV? O que eles consideram mais importante para promover QV, como primeira diretriz da Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência? Como influencia a prótese auditiva na vida cotidiana destes jovens?. Objetivou-se: 1) explorar a percepção sobre as dimensões de QV que tem um grupo de adultos jovens surdos pré-linguais em processo de alfabetização e 2) avaliar o benefício do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) no cotidiano deste aluno, visando contribuir ao desenvolvimento de ações de promoção da saúde na escola. O estudo foi exploratório-descritivo, quantitativo e qualitativo, desenvolvido em dois momentos em correspondência com os objetivos. Foi desenvolvido na única escola pública do município de Sobral, Ceará, que tem classe especial para surdos de Educação de Jovens e Adultos. No primeiro momento, foi utilizada técnica de grupo focal e participaram 16 adultos jovens; no segundo, foi utilizado critério de inclusão ter entre 15-35 anos e ter usado AASI nos últimos seis meses. Nove estudantes participaram e foram aplicados um questionário estruturado adaptado e uma pergunta aberta, assim como uma ficha sócio-demográfica e análise dos prontuários em serviço de saúde municipal. Os dados foram coletados de junho a outubro de 2007, com participação da pedagoga da turma como intérprete de Língua Brasileira de Sinais e respeitando os princípios de ética em pesquisa. Os resultados do estudo proporcionaram uma primeira aproximação à QV de adultos jovens surdos pré-linguais de um município do nordeste brasileiro. Os participantes avaliaram sua QV em sentido positivo e consideraram como as dimensões mais relevantes para sua vida o bem-estar emocional, as relações interpessoais e a autodeterminação. Destacaram-se como indicadores positivos a satisfação na dimensão bem-estar emocional, apoio (familiar e financeiro) e relações (família, amigos, iguais) na dimensão relações interpessoais, assim como autonomia (independência) na dimensão autodeterminação. Mostraram-se afetados os indicadores autoconceito, identidade e auto-estima (dimensão bem-estar emocional), contatos sociais (dimensão relações interpessoais) e oportunidades, desejos e expectativas (dimensão autodeterminação). O questionário adaptado para avaliar o beneficio do AASI na faixa etária estudada mostrou ser útil para esse objetivo e poderia ser utilizado em diferentes momentos do processo de seleção e adaptação. A maioria dos participantes considerou benéfico o uso do AASI nos ambientes: social, na escola quando a professora está perto deles e em casa, mas enfrentam dificuldades que requerem de atenção ao processo de acompanhamento do usuário. Estas dificuldades seriam mais bem detectadas e atendidas a partir da articulação intersetorial de políticas publicas. O conhecimento dos indicadores positivos e negativos da QV oferece subsídios para estratégias de promoção da saúde na escola.
ASSUNTO(S)
qualidade de vida - dissertaÇÕes promoÇÃo da saÚde - dissertaÇÕes saude coletiva surdez - dissertaÇÕes
ACESSO AO ARTIGO
http://www.unifor.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=773401Documentos Relacionados
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