PATOGÊNESE DOS CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS ALIMENTARES ASSOCIADOS AO CONSUMO DE Pteridium aquilinum EM BOVINOS / PATHOGENESIS OF ALIMENTARY SQUAMOUS CELL CARCINOMAS ASSOCIATED WITH Pteridium aquilinum INTAKE IN CATTLE

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Segundo a teoria da patogênese da síndrome papiloma-carcinoma, a formação do papiloma é o ponto crucial para o desenvolvimento dos carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS) de bovinos. A partir da sua manutenção por longos períodos no TAS, devido aos imunossupressores presentes na samambaia (Pteridium aquilinum), os ceratinócitos do papiloma em constante multiplicação se tornariam alvos para os carcinógenos da planta promoverem a transformação carcinomatosa. Muitas evidências da síndrome papiloma-carcinoma foram observadas in vitro. No entanto, elas ainda não foram totalmente comprovadas in vivo. Os objetivos deste estudo foram, portanto, avaliar aspectos fundamentais da patogênese da formação dos CCEs no TAS em bovinos que pastoreiam naturalmente por longos períodos áreas altamente infestadas por Pteridium aquilinum. Para isso, 168 lesões epiteliais iniciais foram avaliadas no TAS de 60 bovinos com CCEs alimentares provenientes de áreas com samambaia. Papilomas desenvolvidos perfizeram mais de 50% dos papilomas estudados, com alguns em crescimento (18,5%), em transformação carcinomatosa (18,5%) e poucos em regressão (9%). A transformação carcinomatosa de papilomas pode representar a evidência morfológica da necessidade do papiloma para a formação de CCEs. No entanto, 72 lesões intra-epiteliais escamosas (SILs) também estavam presentes no TAS desses bovinos. A maior parte das SILs (70%) representava lesões displásicas moderadas, acentuadas e CCEs in situ, com quantidade significativa de CCEs em estágio inicial. Em humanos, lesões semelhantes estão presentes em pacientes que abusam cronicamente do álcool/tabaco. As SILs no trato aerodigestivo de humanos são potencialmente malignas e podem evoluir para CCEs. As SILs nos bovinos do presente estudo podem, portanto, representar uma via alternativa de formação de CCEs no TAS, sem a necessidade da transformação do papiloma em carcinoma. A necessidade do papiloma para a formação de CCEs alimentares em bovinos também foi avaliada através da imuno-histoquímica. Trinta CCEs da região cranial do TAS (incluindo base da lingual, faringe/orofaringe e epiglote) foram avaliados quanto à origem acinar ou ductal salivar utilizando-se o anticorpo anti-citoceratinas 7/8 para epitélio simples. Dos 30 CCEs analisados, nove tinham evidências morfológicas de transformação neoplásica proveniente de ducto salivar. Destes, um foi confirmado pela imuno-histoquímica. Como o papilomavírus necessita de estratificação epitelial para a formação do papiloma, a confirmação de CCE de origem ductal salivar simples sugere que também não haja a necessidade do papiloma para o desenvolvimento de CCEs no TAS de bovinos que pastoreiam em samambaia. Paralelamente, o grau de imunossupressão por linfopenia, supostamente necessária para a manutenção dos papilomas, também foi avaliada nos casos espontâneos de CCE no TAS de bovinos de áreas com samambaia. Papilomatose alimentar foi observada em todos os 40 casos estudados. No entanto, imunossupressão por linfopenia foi incomum (três casos) e não estava relacionada com o grau de papilomatose. A ausência de linfopenia em bovinos com papilomatose alimentar indica que os mecanismos para a manutenção dos papilomas não estejam relacionados com a quantidade de linfócitos circulantes. Em conclusão, o presente estudo demonstrou haver uma via alternativa para a patogênese dos CCEs do TAS de bovinos intoxicados cronicamente por samambaia e que a papilomatose alimentar, vista nesses casos, não está associada com linfopenia.

ASSUNTO(S)

pathogenesis carcinoma de células escamosas pteridium aquilinum neoplasia patogênese bovinos medicina veterinaria pteridium aquilinum squamous cell carcinoma neoplasia cattle

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