Parricídio e indústria cultural : reflexões sobre a violência na sociedade administrada / Parricide and culture industry: reflections about the violence in the administrated society

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Essa pesquisa busca refletir sobre o tratamento dado por um dos veículos da indústria cultural o jornal impresso - ao parricídio, na atualidade. Pretende analisar se as tendências que são reveladas no discurso jornalístico correspondem ao próprio desenvolvimento da sociedade e possibilitam, em última instância, a denúncia do estado de empobrecimento dos vínculos afetivos que se configuram no mundo moderno e que são fundamentais para a experiência formativa. A análise empreendida tem na teoria crítica da sociedade, em especial a obra de T. Adorno e M. Horkheimer, a sua principal fonte de embasamento teórico. Uma das principais premissas que norteiam a elaboração da pesquisa refere-se ao entendimento de que a compreensão do parricídio deve considerar aspectos que se referem não apenas ao ato em si, mas à forma como os homens vêm estabelecendo a relação com a cultura, com as figuras parentais, com o núcleo familiar. É nessa perspectiva que se retoma o diálogo que os teóricos críticos citados estabeleceram com a compreensão freudiana de cultura. Aborda ainda os entraves no processo formativo e no processo de socialização, os quais se acentuam pela dinâmica presente na sociedade administrada. Esses elementos encontram-se nas reflexões realizadas na primeira parte do trabalho. A segunda parte da pesquisa trata da relação entre indústria cultural, subjetividade e parricídio. A divulgação realizada pelo jornal A Folha de São Paulo acerca de um caso de parricídio é apresentada e, a partir da análise da mesma, se evidencia o empobrecimento dos vínculos afetivos, o estado regressivo e a violência que marca e constitui a sociedade atual e que se afirma e é retroalimentada na própria forma de atuação da indústria cultural. Considera-se, finalmente, que a indústria cultural tende, em suas exposições, a culpabilizar exclusivamente o indivíduo que comete o ato parricida. Ao fazê-lo, retira as possibilidades de crítica à uma sociedade que se sustenta, cada vez mais, na exigência da integração à totalidade, na adaptação total ao mundo objetivo. Nesse movimento, as experiências formativas ficam comprometidas; o reconhecimento do processo de empobrecimento afetivo que marca a sociedade administrada fica obstacularizado, bem como as possibilidades de se construir formas de resistência e superação desse estado

ASSUNTO(S)

parricídio jornais formation teoria crítica da sociedade indústria cultural critical social theory culture industry parricide psicologia social formação administrated society sociedade administrada violência

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