OLHARES SOBRE O ENVELHECER: UMA LEITURA DE GÊNERO NO CENTRO DE SANTA MARIA / PERSPECTIVES ON AGING: A READING OF GENDER IN THE CENTER OF SANTA MARIA

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Olhares sobre o envelhecer insere-se no campo dos estudos sobre envelhecimento como uma das muitas formas de olhar para, e pensar sobre, as várias possibilidades de viver a velhice, a partir de uma leitura de gênero no centro da cidade de Santa Maria. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada durante onze meses, em que se utilizou de técnicas como a observação participante, algumas entrevistas formais e, predominantemente, entrevistas/conversas informais. O tema central desta pesquisa refere-se às representações e às significações de marcas que definem corpos e sujeitos ditos velhos. Compreendo que o modo como homens com 60 anos ou mais produzem significados sobre envelhecimento está inserido em um campo, dinâmico e conflitante, de produção de práticas e discursos que permitem reconhecer e agrupar sujeitos como velhos ou não, a partir de determinados estatutos corporais. Nesse sentido, as diferentes formas de classificar os sujeitos e o significado que estas classificações adquirem para definir formas de envelhecer têm implicações no modo como diferentes atores agem frente ao envelhecimento humano. A velhice, como categoria etária, tem servido para classificar pessoas de determinada idade como pertencentes a este grupo etário e, assim, classificando-as como pessoas velhas. Contudo, classificar pessoas que estão na mesma faixa etária a partir de uma categoria homogênea como a velhice torna-se bastante problemático, já que despreza as complexas diferenciações existentes dentro do grupo de sujeitos ditos velhos, além do fato de que dificilmente alguém se reconhecerá como velho, porque velhice é sempre associada à decadência, à doença, à senilidade e à proximidade com a morte. Por isso, proponho uma leitura de gênero para entender como as formas de ser homem e mulher e as construções socialmente distintas de masculino e feminino compõem as representações e práticas de homens no que diz respeito ao envelhecimento. Nesse sentido, o saber sobre gênero não produz apenas significados sobre as relações entre homens e mulheres, mas também organiza os espaços de sociabilidades como espaços gendrados. Proponho entender, deste modo, que a gramática dos espaços configura o centro como um espaço público de sociabilidade masculina cotidiana, a partir de um princípio de visão e divisão sexualizantes do mundo, que forma um sistema de categorias de percepção, de pensamento e de ação, e permite colocar em jogo valores e imagens sobre envelhecimento a partir do humor expresso nas piadas e nas conversas impregnadas de jocosidade sobre corpo e sexualidade. A sexualidade, neste contexto, torna-se uma importante ferramenta para compreender como uma série de condições corporais confirma quando alguém pode ser considerado velho. Procuro mostrar como as marcas corporais, que definem a capacidade para a atividade sexual representada pela ereção informam sobre as representações do que é ser velho ou não. É desta maneira que busco apreender como a sexualidade torna-se, no contexto do centro da cidade, um elemento, entre tantos outros, para entender como estes homens estão significando o envelhecimento.

ASSUNTO(S)

masculinity envelhecimento sociologia homens gênero aging gender masculinidade men

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