Obstrução benigna do ducto hepático comum (síndrome de Mirizzi): diagnóstico e tratamento operatório
AUTOR(ES)
Waisberg, Jaques, Corona, Adriano, Abreu, Isaac Walker de, Farah, José Francisco de Matos, Lupinacci, Renato Arioni, Goffi, Fábio Schmidt
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005-03
RESUMO
RACIONAL: A síndrome de Mirizzi, é complicação rara da colelitíase de longa duração, caracterizada pelo estreitamento do ducto hepático comum devido a mecanismo de compressão e/ou inflamação por cálculos biliares impactados no infundíbulo da vesícula biliar ou no ducto cístico. OBJETIVO: Descrever série de oito enfermos consecutivos com síndrome de Mirizzi de uma única instituição, submetidos ao tratamento cirúrgico e comentar seus aspectos com ênfase no diagnóstico e tratamento. MÉTODO: Quatro mulheres e quatro homens, com média de idade de 61,6 anos (42 a 82 anos), foram operados com síndrome de Mirizzi entre 1997 e 2003. Avaliaram-se a apresentação clínica, os resultados dos exames laboratoriais e de imagem, os achados operatórios, a presença de coledocolitíase, o tipo de síndrome de Mirizzi de acordo com a classificação de Csendes, a escolha do procedimento operatório e as complicações pós-operatórias. RESULTADOS: Os sintomas mais freqüentes foram dor abdominal (87,5%) e icterícia (87,5%). Todos os doentes apresentaram exames de função hepática alterados. O diagnóstico da síndrome de Mirizzi foi intra-operatório em sete (87,5%) doentes, e pré-operatório em um (12,5%). Observou-se fístula colecistocoledociana associada à coledocolitíase em três (37,5%) casos. A síndrome de Mirizzi foi classificada como tipo I em cinco (71,4%) doentes, tipo II em um (14,3%), tipo III em um (12,5%), e tipo IV em outro (12,5%). A colecistectomia, como procedimento cirúrgico isolado, foi realizada em quatro (50,0%) doentes. Um (12,5%) enfermo foi submetido a colecistectomia parcial e fechamento do orifício fistuloso com a região central do infundíbulo. Dois (25,0%) enfermos foram submetidos a colecistectomia e anastomose coledocoduodenal látero-lateral e outro (12,5%) a anastomose coledocoduodenal látero-lateral, deixando-se a vesícula biliar in situ. Sete (87,5%) doentes evoluíram sem complicações pós-operatórias e obtiveram alta hospitalar em boas condições. Um (12,5%) enfermo apresentou, no pós-operatório, sepse por abscesso sub-hepático, sendo re-operado. Não houve mortalidade operatória. CONCLUSÕES: O diagnóstico pré-operatório da síndrome de Mirizzi é difícil e é necessário elevado índice de suspeita para evitar lesões da árvore biliar. O problema pode se tornar evidente apenas no momento da operação na forma de aderências firmes ao redor do triângulo de Calot. O sucesso do tratamento está relacionado ao reconhecimento precoce da condição, mesmo no intra-operatório, e na individualização da conduta, de acordo com as características de cada caso.
ASSUNTO(S)
colestase extra-hepática doenças das vias biliares colelitíase colecistectomia
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