O uso do modo verbal em estruturas de complementação no português do Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O estudo examina a distribuição dos modos indicativo e subjuntivo em estruturas de complementação, no português do Brasil, considerando, de modo particular, dados de fala da Paraíba, comparados com resultados obtidos em dados de fala coletados no Rio de Janeiro e em Brasília. O estudo é desenvolvido em uma abordagem fundamentada na teoria de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1981, 1986, 1995) bem como de pressupostos da Teoria Variacionista (Labov, 1972). Considera-se que fenômenos acerca da variação e da mudança lingüística podem ser atribuídos a fatores determinadas pela faculdade da linguagem, em face de fatores externos, principalmente, o contato de línguas e dialetos. A análise parte de uma discussão sobre modalidade e sobre as propriedades sintáticosemânticas dos verbos da oração matriz e sua relação com a distribuição sintática do modo verbal, com base em estudos desenvolvidos por Botelho Pereira (1974), Fávero (1974) e Bárbara (1975). Apresenta também trabalhos desenvolvidos na abordagem variacionista (Rocha (1997), Poplack (1992) e Meira (2006)), que identificam variação no uso do modo verbal em contexto de complementação. Com base em análise de fatores lingüísticos e extralingüísticos, os resultados obtidos apontam a carga semântica do verbo da matriz (verbos não-factivos volitivos e não-volitivos) e o grau de assertividade da oração matriz (a negação) como favorecedores do subjuntivo. Constata-se que nos dados de fala de Brasília e do Rio de Janeiro há maior distribuição do modo subjuntivo entre as variáveis independentes, que se manifesta no uso variável do indicativo e do subjuntivo não só com verbos volitivos como também com verbos indiferentes de opinião/ suposição, o que caracteriza o uso do modo verbal como marcador de subordinação. Nos dados de fala da Paraíba, em que o uso do subjuntivo em contexto de interpretação irrealis é quase categórico, por outro lado, cai a freqüência do subjuntivo em contexto de interpretação variável (verbos indiferentes de opinião/suposição), o que é interpretado como um uso do modo verbal como marcador de indefinição e incerteza, atribuindo-se ao subjuntivo um valor semântico. Conclui-se que os dados da Paraíba distinguem-se, por um lado, dos resultados obtidos em outras variedades dialetais do PB e identificam-se, por outro, com a descrição encontrada na literatura para o PE. Tal resultado sugere a necessidade de investigar as condições favorecedoras de tais modelos no desenvolvimento dos diferentes dialetos do PB, o que deixamos para pesquisa futura

ASSUNTO(S)

linguistica complementação modo verbal modalidade

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