O transtorno bipolar como experiência: a perspectiva dos filhos

AUTOR(ES)
FONTE

J. bras. psiquiatr.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2018-03

RESUMO

RESUMO Objetivo Compreender o transtorno afetivo bipolar (TAB) e suas implicações pela perspectiva dos filhos adultos de mães que receberam o diagnóstico quando eles eram crianças. Métodos Pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas de questões abertas em profundidade com 21 filhos de pacientes do Ambulatório de Psiquiatria Geral de Adultos do HC/Unicamp. A técnica de tratamento de dados foi feita por meio da análise de conteúdo das entrevistas transcritas na íntegra e categorização. Resultados Os significados psicológicos atribuídos pelos filhos à experiência de ter uma mãe com TAB possibilitaram a elaboração de um esquema da infância, adolescência à vida adulta. Os achados revelam que na infância a instabilidade da mãe, característica do TAB, gera sentimentos de culpa e desamparo nos filhos, pela percepção da introspecção materna nos períodos dos episódios em contraste com os momentos de remissão, nos quais percebem envolvimento emocional e disponibilidade para a maternidade. Na adolescência, os filhos contestam as demandas de suas mães. Demonstram identificação com os sintomas maternos. Na vida adulta, há percepção de melhora na relação mãe-filho diante da abdicação das escolhas pessoais para a dedicação aos cuidados à mãe. Os achados revelam que a compreensão do TAB feita por meio da experiência dos filhos com suas mães fica apenas na racionabilidade, pois eles não conseguem manejá-la de forma efetiva e sentem-se aprisionados. Conclusões A equipe de saúde pode auxiliar os filhos desde o manejo de questões cotidianas até o diagnóstico precoce de psicopatologias ao se dedicar ao acolhimento deles quando da vinda de suas mães ao tratamento.

ASSUNTO(S)

transtorno bipolar relação mãe-filho relações familiares acolhimento pesquisa qualitativa

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