O trabalho e a saúde de cuidadores de adolescentes com deficiência: uma aproximação a partir do ponto de vista da atividade

AUTOR(ES)
FONTE

Saúde e Sociedade

DATA DE PUBLICAÇÃO

2008-12

RESUMO

Este artigo apresenta e discute resultados de uma pesquisa sobre cuidadores de adolescentes com deficiência (física e mental) em um dispositivo de atenção diário implantado recentemente pela prefeitura do Rio de Janeiro. O objetivo foi compreender como a atividade de trabalho dos cuidadores (naturalizada e invisibilizada por sua associação com o trabalho doméstico-maternal) relaciona-se ao processo saúde-doença vivenciado por eles. O método utilizado combinou observações do trabalho, entrevistas individuais e coletivas semi-estruturadas, utilizando a perspectiva ergológica e, principalmente, de seus conceitos de normas antecedentes e renormatizações, como eixo de análise. Apontamos como principais resultados: prescrições naturalizadas de cuidado; excessiva intensidade na realização do trabalho; problemas no planejamento e na gestão do tempo no serviço; construção da cooperação entre os cuidadores, que assegura, ainda que de forma precária, a realização do trabalho; grande proximidade afetiva com os usuários como exigência do trabalho e como importante operador do processo saúde-doença e de geração de sentido no/do trabalho. Entende-se que o fato de o trabalho de cuidado ser visto como natural, "parental", contribui para a oferta insuficiente de instrumentos (teóricos e práticos) para essa prática profissional. A pouca qualificação parece gerar aumento nos riscos à saúde desses trabalhadores, uma vez que eles têm acesso restrito a técnicas e condições de trabalho que possibilitariam realizá-lo de forma mais profícua. Assim, esses fatores, associados à invisibilidade do trabalho relacional aí empreendido, acabam provocando uma fragilização da luta pela saúde, da capacidade de recriação das normas no trabalho.

ASSUNTO(S)

saúde do trabalhador cuidadores de pessoas com deficiência ergologia

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