O SI MESMO COMO UM OUTRO: IDENTIDADES EM NARRATIVAS VISUAIS DE APRENDIZES DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA

AUTOR(ES)
FONTE

Trab. linguist. apl.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-08

RESUMO

RESUMO Neste estudo de natureza qualitativa, com base na hermenêutica ricoeuriana do si (RICOEUR, 1991), assim como nos trabalhos de Hall (2006) e Norton (2016), analiso a forma como o eu e o outro estão representados em narrativas de dez estudantes de diferentes nacionalidades aprendendo língua portuguesa como segunda língua em uma universidade pública em Portugal. Tendo em vista as multiplicidades de textos e culturas presentes na sociedade contemporânea em que conhecimentos são construídos e compartilhados por meio de diferentes semioses, inspirada pelo trabalho de Kalaja, Dufva e Alanen (2013) e Melo-Pfeifer (2015), utilizo narrativas visuais em imagens desenhadas à mão livre pelos participantes como principal instrumento de coleta e geração de dados, tendo, como referencial para a análise dessas narrativas, as categorias da Gramática do Design Visual, adaptadas de Kress; van Leeuwen, (2006 [1996]) e Mota-Ribeiro (2011). As imagens analisadas sugerem que os participantes percebem a si mesmos ora como crianças, ora como seres híbridos, dotados de grandes orelhas, ou mesmo alienígenas, alijados do processo de interação e frustrados no desejo de reconhecimento diante do outro, representado por colegas, professores, parentes ou falantes nativos. A pesquisa traz importantes implicações para a educação de professores, revelando que é preciso acolher visões múltiplas e subjetivas de si e do outro, não apenas na sala de aula, mas na vida social da comunidade como um todo, na atestação e reconhecimento de cada um perante o outro, no sentido de fortalecer identidades na busca de mundos sociais mais justos (EARLY; NORTON, 2012), pois, como lembram Jewitt e Oyama (2001), a imagem não reflete a realidade, mas a constrói.

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