O PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA EM FORTALEZA: O QUE MUDOU NA VIDA DE SEUS BENEFICIÁRIOS? / Não há outro idioma

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/07/2008

RESUMO

A temática reforma psiquiátrica aufere espaço e notoriedade no Brasil desde a década de 1980. Atualmente, percebe-se que a desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos é expressa como preocupação na agenda política de alguns governos. De maneira específica, o presente trabalho tem como recorte de análise o Programa De Volta Para Casa - PVC, caracterizado por ser de reabilitação psicossocial, destinado a pessoas egressas de longos períodos de internações hospitalares, ou seja, visa à desinstitucionalização e à reabilitação psicossocial dos pacientes psiquiátricos. O presente ensaio tem como objetivo geral analisar o impacto do referido programa sob a óptica dos agentes envolvidos, os beneficiários, suas famílias e a equipe de saúde mental, em Fortaleza. Com este estudo, busca-se, também, construir o perfil socioeconômico, familiar e psiquiátrico dos beneficiários; compreender o significado deste programa para os beneficiários, suas família e equipe de saúde mental; e interpretar as percepções dos beneficiários sobre as suas condições de vida após a inserção no programa. Para iniciar a investigação, achouse por bem procurar na Secretaria Municipal de Saúde, os responsáveis pelo acompanhamento deste programa quando se foi informado de que Fortaleza estava habilitada desde 2003, porém seus primeiros beneficiários só foram inseridos em 2007. Este estudo tornou-se possível através da análise do que está sendo constituído desde o trabalho concreto realizado junto aos cinco beneficiários do PVC em Fortaleza. Buscou-se compreender quem são, como estão vivendo, ou seja, quais os impactos do programa em suas vidas e quais suas expectativas, como também revelar as idiossincrasias, os pontos de vista, as representações e os posicionamentos daqueles diretamente ligados ao programa De Volta Para Casa. Para tanto, foram utilizados questionários, entrevistas, estas complementadas pela observação direta e anotações em diário de campo. Este estudo revelou que a importância dada a este programa no Município ainda é muito incipiente. Os agentes envolvidos têm pouco conhecimento de seus objetivos, e, quando falam sobre o programa, é recorrente reduzí-lo ao pagamento do auxílio reabilitação psicossocial. Esse distanciamento pode ser compreendido por vários fatores: serviços superlotados com demanda cada vez maior para uma equipe mínima; dissociação entre tratamento psiquiátrico e a contextualização socioeconômica, cultural e política do usuário e suas famílias; e identificação do quadro clínico do usuário como crônico e compreendido pela equipe como difícil de ser reabilitado; contudo, o impacto deste programa na vida dos beneficiários foi o fato de terem saído da instituição hospitalar, apesar de sua condição atual de vida não corresponder as suas expectativas e necessidades.

ASSUNTO(S)

reabilitação psicossocial desinstitucionalização psiquiátrica política pública de saúde mental. politica urbana

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