O pensamento utópico e a produção do espaço social : a cooperativa de consumo dos empregados da viação férrea do Rio Grande do Sul

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Esta tese tem como objetivo geral identificar relações entre pensamento utópico e a produção do espaço social e como objetivo específico investigar a existência destas relações no processo de instituição de uma associação, a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul – CCEVFRGS. O desenvolvimento deste trabalho considera que pensamentos utópicos se encontram potencialmente na origem de certas concepções sociais as quais, para se efetivarem, se apóiam em processos funcionais que necessitam de estruturas sócio-espaciais para seu exercício. Considera também que o espaço social construído a partir de um pensamento utópico, além de ser um reflexo material de uma aspiração social, também tem a potencialidade de representar contradições daquela sociedade. O trabalho conclui que as contradições verificadas em certos espaços idealizados indicam que o moto que os gerou – o pensamento utópico – se fragmenta em imaginários de um passado e não de um futuro ideal presentificado como faria supor a reificação de um projeto utópico. Disto depreendeu-se que, ao não se realizar, o pensamento utópico por si só não é paradoxal, pois sua ocorrência situa-se no campo imaginário onde surge e se desenvolve como resposta às demandas existenciais das sociedades sempre na lógica interna da sua impossibilidade e que, por outro lado, as estruturas sócio-espaciais dele decorrentes, ocorrem no campo da materialidade, portanto, dentro de outra lógica. Conclui-se também que investigações sobre ocorrência de pensamentos utópicos devem considerar, além das expressões materiais e funcionais dos fatos sociais analisados, as suas representações as quais têm a potencialidade de exprimir as subjetividades dos pensamentos. As análises demonstraram a ocorrência de traços de pensamentos utópicos não só no discurso dos agentes da CCEVFRGS como também nos discursos de representantes de setores sociais impactados pelas forças materiais e simbólicas geradas durante seu processo histórico de implantação. Por outro lado, a instituição imaginária da CCEVFRGS não prefigurou uma utopia, mas continha, além de pensamentos pragmáticos, componentes utópicos que resultaram na produção de espaços sociais os quais ainda se identificam com a história da sociedade onde se realizaram.

ASSUNTO(S)

espaço social imaginário

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