O papel do potencial evocado Miogênico Vestibular (VEMP) na avaliação da via vestíbulo-espinhal em indivíduos com Mielopatia associada ao HTLV-1, Mielorradiculopatia Esquistossomótica, Esclerose Múltipla e Doença de Ménière

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O uso clínico do Potencial Evocado Miogênico Vestibular (VEMP) vem sendo estudado para doenças que comprometem a via vestíbulo-espinhal inferior. O objetivo desse estudo foi avaliar o papel do VEMP para identificar alterações na mielopatia associada ao HTLV-1, mielorradiculopatia esquistossomótica, esclerose múltipla e doença de Ménière. Para cada grupo, o resultado do exame foi definido como normal ou alterado e correlacionado com as queixas: dificuldade para caminhar, zumbido, perda auditiva e tontura. A definição dos valores de referência para VEMP normal baseou-se nos parâmetros obtidos do grupo controle e validados pela literatura. Foram examinados 126 indivíduos, sendo: 30 selecionados pela ausência de queixas auditivas, neurológicas ou infecção pelo HTLV-1 (grupo controle); 52 infectados pelo HTLV-1, sendo 35 assintomáticos, 10 com queixa de dificuldade para caminhar sem mielopatia definida e 7 com mielopatia; 12 com mielorradiculopatia esquistossomótica, 14 com esclerose múltipla e 18 com doença de Ménière. Para o registro do VEMP utilizou-se estímulo tone burst rarefeito, com intensidade de 118 dB Na e filtro passa-banda de 10Hz a 1500Hz, sendo apresentados 200 estímulos na freqüência de 1Hz com tempo de registro de 60 ms. Na análise, considerou-se latência, amplitude, diferença interaural e interpico das ondas P13 e N23. A variação da amplitude foi controlada pelo índice de assimetria. Em relação aos resultados, a idade dos sujeitos variou da terceira a sexta décadas, 49 homens e 77 mulheres. Os valores de referência do VEMP foram: P13=13,66 (DP=13,10-14,98) e N23=23,23 (DP=20,36-24,57), com média do índice de assimetria de 26,36%. Nos infectados pelo HTLV-1, os resultados do VEMP variaram de acordo com a queixa de dificuldade para caminhar, estando alterado em 50% dos pacientes assintomáticos e em 70,5% daqueles com dificuldade para caminhar estando ou não com mielopatia definida. A ausência de resposta evocada associou-se com mielopatia associada ao HTLV-1 (P=0,01). Na mielorradiculopatia esquistossomótica, predominou prolongamento da latência de P13 e N23, estando o exame alterado em 66,6% dos pacientes. Na esclerose múltipla, predominou prolongamento da latência de P13 e N23, estando o exame alterado em 92,8% dos pacientes. Na doença de Ménière, predominou prolongamento da latência de P13 e VEMP correlacionou-se com o grau da perda auditiva (P=0,00), estando alterado em 40,0% dos casos de perda leve e 92,3% dos casos de perda modera/severa. O presente estudo permitiu concluir que o VEMP confirmou-se como exame com boa acuidade para avaliar a via vestíbulo-espinhal inferior, mostrando-se promissor para mielorradiculopatia esquistossomótica e mielopatia associada ao HTLV-1, doenças que ainda não haviam sido avaliadas por esse exame. O VEMP parece distinguir entre casos com maior ou menor injúria medular, a partir do padrão de alteração da resposta evocada: aumento da latência ou ausência da resposta evocada. Propõe-se avaliar a capacidade do VEMP em predizer melhora ou piora do estado medular, como, por exemplo, na evolução da mielopatia associada ao HTLV-1 e antes e após o tratamento da mielorradiculopatia esquistossomótica.

ASSUNTO(S)

esquistossomose decs doenças da medula espinhal decs potenciais evocados decs esclerose múltipla decs vírus 1 linfotrópico t humano decs doença de meniere decs vestíbulo decs

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