O Pai ou a Função Paterna em Lacan de A Família

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

05/03/2010

RESUMO

Essa dissertação teve como objetivo compreender por que na contemporaneidade é colocada grande ênfase no declínio da função simbólica do pai se desde 1938, no artigo A família (1987), Lacan desloca sua atenção para outro tipo de declínio, o da imagem social do pai, fazendo deste declínio o desencadeador de uma crise psicológica que ele identificava através das neuroses contemporâneas. A hipótese aqui formulada indica que Lacan, de certa forma, prevê o que atualmente constatamos como fragilização da função paterna, quando anuncia sua tese do declínio da imagem social do pai. O que nessa dissertação ganha relevo é que em Lacan o simbólico possui todo seu valor por causa da potência do imaginário do sujeito, portanto, o declínio simbólico do pai é inevitável, uma vez que depende da imagem daquele que a opera, que Lacan identifica como degradada. O procedimento utilizado neste trabalho corresponde à revisão bibliográfica, vale dizer, verificar as contribuições da teoria psicanalítica, como a lacaniana, que oferece elementos para refletir sobre a família, com foco particular na constituição do sujeito, para o que a função paterna cumpre relevante papel. Na Introdução há uma breve passagem pelo panorama social e histórico que justificaria a tese lacaniana do declínio social do pai e das novas formas de neurose. No segundo capítulo a concentração recai sobre a reflexão freudiana acerca da função paterna com o intuito de abordar o referencial psicanalítico de Lacan nesse artigo sobre a família. Em seguida, detenho-me no conceito de nome-do-pai na obra de Lacan, considerando o momento de surgimento deste conceito e a relevância do caminho percorrido por Lacan, ou seja, seu adentro na antropologia estrutural de Lévi-Strauss, até a assunção desse termo imprescindível para compreender a função paterna e, conseqüentemente, o seu declínio tão propalado pelos autores contemporâneos. No quarto capítulo, foi retomada a função paterna em Totem e tabu (1913/1996), considerando o destaque dado por Freud à lei de proibição do incesto e sua hipótese do nascimento dessa lei relacionada à morte do pai. O quinto capítulo propõe compreender o que de fato o nome-do-pai opera no sujeito a partir da sua falta, ou seja, dos efeitos que a ausência desta função provoca na constituição da realidade do sujeito. Para tanto, recorre-se aqui aos textos lacanianos que tratam da psicose, bem como àqueles que lhe serviram de veículo para a elaboração de sua clínica das psicoses. Considerando, inclusive, o papel do imaginário e do simbólico nos processos psíquicos do sujeito. Em seguida, no sexto capítulo, são problematizadas questões referentes à realidade da função simbólica do pai, considerada em declínio, e os possíveis efeitos desse declínio para o sujeito e para a sociedade atual. Enfim, na conclusão, é proposta uma reflexão acerca da realidade contemporânea no sentido de pensar a família e a sociedade diante de um pai que não possui mais o estatuto autoritário, e mesmo simbólico, mas que necessita para fazer valer uma função imprescindível à organização mental dos seres humanos.

ASSUNTO(S)

família contemporânea. psicologia subjetividade imaginário função paterna paternal function imaginary subjectivity family contemporary

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