O orgão setecentista da Igreja do Carmo de Diamantina : seus enigmas e sua estreita ligação com o orgão de Corregos / The eighteenth-century pipe organ Carmo Curch in Diamantina : its enigmas and its close link to the organ of Corregos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O Órgão de Tubos da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Diamantina sempre foi um grande enigma para organistas e organeiros. A maior incógnita seria, nesse sentido, definir seu estilo, sobretudo se corresponde à estética da escola de construção ibérica. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo inicial a busca pela identidade do Órgão do Carmo de Diamantina por meio do levantamento técnico e histórico desse instrumento. De forma complementar, verificou-se que algumas dúvidas sobre o Órgão de Diamantina também precisavam ser esclarecidas, as quais estavam correlacionadas com a base desse instrumento, a extensão e a partição do Manual, se o instrumento consiste realmente em um Órgão de Registros Partidos, a localização dos Foles (originais e atuais) e a verificação de que se tratam os Foles atuais e se todos os Tubos são originais. Com o avançar das pesquisas, abriu-se um desdobramento para uma possível relação desse órgão com o Órgão da Matriz do Distrito de Córregos, resultado da análise dos documentos da reforma do Órgão do Carmo em 1940. Levantou-se então a hipótese de que, na referida reforma, alguns Tubos do Órgão de Córregos poderiam ter sido levados para Diamantina e utilizados no Órgão do Carmo. O desafio desta pesquisa manifestou-se, a princípio, pela ausência de literatura e de uma ampla documentação sobre esses dois instrumentos e pela incipiente bibliografia específica acerca da organaria colonial brasileira. Em decorrência disso, foi desenvolvida uma extensa investigação bibliográfica dos documentos associados aos referidos órgãos e aos seus respectivos organeiros, complementada por uma viagem a Portugal (região de Braga) e a várias cidades históricas de Minas Gerais, percorrendo-se o roteiro das cidades por onde atuou José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, o primeiro organista do Órgão do Carmo, desde o Serro até o Rio de Janeiro. Iniciou-se a investigação recorrendo-se às referências na organaria portuguesa devido à tradição histórica de construção de Órgãos no Brasil Colônia e ao fato de ser o construtor do Órgão do Carmo o Padre Manuel de Almeida e Silva. Por meio dos livros da Ordem do Carmo e da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Diamantina, foi possível um levantamento histórico do Órgão do Carmo e de seu organeiro. Os Órgãos de Diamantina e de Córregos foram documentos importantes de investigação e de solução de enigmas que existiam sobre o instrumento de Diamantina. Foi consultada uma bibliografia da musicologia histórica brasileira, de organaria e de história do Brasil e de Minas Gerais. Vários documentos da reforma do Órgão do Carmo de 1940 foram analisados, os quais conduziram a descobertas relevantes. Como conseqüência deste estudo, obteve-se uma melhor compreensão da organaria colonial mineira pela comparação entre ambos os instrumentos. Considerando-se que foram acessados todos os documentos, até então conhecidos sobre esses dois representantes da organaria colonial mineira, entende-se que resultados até este momento obtidos são bastante reveladores. Conclui-se que Órgão da Ordem do Carmo de Diamantina consiste em um instrumento com características da estética da escola de construção ibérica e com influências da escola italiana; de base 6 (seis pés); que possui um Manual com extensão: FF - f ; cujo Teclado é dividido entre o Si2 e o Dó3 , mas não é de Registros Partidos; os Foles atuais são do tipo "Reservatório e Fole-alimentador" (reservoir and feeder-bellows); e que alguns dos Tubos do Órgão de Córregos, provavelmente, hoje fazem parte da Tubaria do Órgão de Diamantina

ASSUNTO(S)

organaria colonial brasileira capitania de minas gerais pipes organs minas gerais captaincy brazilian colonial organ orgãos de tubos

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