O mulato de Aluísio Azevedo e o diálogo com crônicas jornalísticas: afinidades e rupturas com o legado naturalista / O mulato by Aluísio Azevedo and dialogue with journalistic chronicles: affinities and ruptures with the naturalistic legacy
AUTOR(ES)
Luciana Uhren Meira Silva
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
15/10/2012
RESUMO
O objetivo central desta pesquisa é analisar até que ponto o diálogo entre crônica jornalística e romance marcou a concepção do primeiro romance naturalista de Aluísio Azevedo, o Mulato, de 1881. Produzidas antes, durante e depois da publicação do romance, as crônicas contêm elementos decisivos para a argumentação de Azevedo sobre as questões pertinentes ao naturalismo. Além disso, apresentam-se como meio de propaganda do romance e de estreita relação do autor com seu público leitor. Aqui se delineia a questão chave desta pesquisa, isto é, até que ponto as teses naturalistas o senso de real aliado à expressão pessoal manifestam-se no discurso do cronista e no do romancista. Para responder a esta problemática, projetamos a hipótese que afirma a diferença de procedimento no modo como crônica e romance inscrevem o ideário naturalista: enquanto na crônica a expressão pessoal se reduz frente ao engajamento de crítica à realidade social, no romance a equação inverte-se e a expressão pessoal ganha estatuto literário por meio do discurso que aposta na força poética das descrições. Fundamentam teoricamente a pesquisa os estudos de Mikhail Bakhtin e Wayne Booth sobre a construção do discurso romanesco, além dos princípios do romance experimental de Zola e suas fissuras entre teoria e prática escritural. Os resultados da pesquisa confirmaram as diferenças entre crônica e romance no campo dialogal com os princípios naturalistas de Zola, de modo a evidenciar, no discurso do cronista, a denúncia e crítica social por meio da ironia e do tom, muitas vezes, caricatural; já no romance, é o discurso impressionista que assume a ruptura, seja com a pretendida objetividade, seja com a expressão pessoal, revelando, mais do que o prazer retórico, o compromisso ético com a tarefa de escritor que está, justamente, na sua consciência da linguagem literária
ASSUNTO(S)
teoria literaria aluísio azevedo o mulato crônicas romance naturalismo discurso impressionista chronicles novel naturalism impressionist speech
Documentos Relacionados
- Crônicas: publicando segredos
- A realidade da ficção: ambiguidades literárias e sociais em O Mulato de Aluísio Azevedo
- A critical reading of short journalistic texts: The attack on March 11
- Paralelo entre O mulato de Aluísio de Azevedo e The house behind the cedars de Charles Chesnutt: preconceitos e contradições
- Nas linhas da literatura: um estudo sobre as representações da escravidão no romance O mulato, de Aluísio Azevedo