O jovem de periferia nos quadros de Regina Casé: um estudo de sua representação e recepção
AUTOR(ES)
Fernanda Carla de Castro
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
Situada na interface da Educação e da Comunicação, esta pesquisa investigou como a juventude de periferia se vê representada pela TV, analisando de que forma jovens de camadas pobres de Belo Horizonte recebem quadros de Minha Periferia, atração que tematiza a vida nas favelas e nos bairros periféricos. Exibido no programa Fantástico, da TV Globo, Minha Periferia foi ao ar ao longo de 2006, tendo Regina Casé como apresentadora. A análise de como os telespectadores se apropriam dos quadros foi feita a partir dos fundamentos da sociologia da juventude, do levantamento de estratégias discursivas utilizadas pelos produtores de Minha Periferia, dos estudos teóricos sobre recepção televisiva e dos depoimentos, colhidos em quatro grupos focais, de jovens de periferia ligados e não ligados a movimentos artístico-culturais. Os primeiros foram escolhidos porque os quadros exibidos durante os grupos focais tinham como mote principal a afirmação da juventude de meios populares por meio da cultura. Os outros também foram sujeitos da pesquisa para verificar se era diferente a percepção dos quadros quando os receptores tinham um perfil também distinto daquele dos jovens representados nas produções. O que se apreendeu neste estudo é que, ao debaterem sobre Minha Periferia, os participantes dos quatro grupos posicionaram-se politicamente, discutindo aspectos de suas lutas identitárias. Os jovens não ligados à cena cultural afirmaram que os quadros televisivos guardavam semelhanças com situações vividas por eles cotidianamente. Já os participantes engajados em movimentos artístico-culturais fizeram mais negociações de sentidos com as representações veiculadas por Casé; consideraram que os jovens foram retratados como coadjuvantes e não como protagonistas das atrações. Além disso, colocaram em xeque a legitimidade da apresentadora para falar da periferia, sinalizando que buscam romper com uma heterorrepresentação, lutando por definir o modo de representação da juventude de periferia, assim como aqueles que possuem a autoridade para produzir essas representações.
ASSUNTO(S)
educação teses sociologia educacional teses televisão e juventude teses identidade (psicologia) na televisão teses
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/BUDB-8C5SQRDocumentos Relacionados
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