O impacto do MELD no transplante de fígado em um centro no Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Gastroenterologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010-09

RESUMO

CONTEXTO: Atualmente o MELD é utilizado no Brasil como critério de seleção de receptores na lista de espera para transplante hepático. Esse sistema prioriza para o transplante os pacientes com cirrose hepática mais avançada. OBJETIVO: comparar os resultados do transplante hepático quando o tempo em lista de espera era o critério de alocação de órgãos (era pré-MELD) em relação ao período em que se utiliza o MELD (era MELD). MÉTODOS: Foram revisados os prontuários dos pacientes submetidos a transplante hepático no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná no período de janeiro de 2001 até agosto de 2008. Os pacientes foram divididos em dois grupos: era pré-MELD e era MELD. Foram comparados em relação aos dados demográficos dos doadores e dos receptores, à etiologia da cirrose, ao tempo de isquemia morna e fria, à presença de carcinoma hepatocelular, ao escore do MELD e ao escore e à classificação de Child-Pugh no momento do transplante, às unidades de concentrado de plaquetas transfundidas durante o transplante, ao tempo de permanência na UTI, ao tempo de permanência hospitalar e à sobrevida do paciente em 3 meses e em 1 ano. RESULTADOS: Inicialmente 205 transplantes foram avaliados. Noventa e quatro foram excluídos e 111 foram incluídos: 71 na era pré-MELD e 40 na era MELD. Os dois grupos foram semelhantes em relação à idade e ao sexo dos doadores e receptores, à etiologia da cirrose e ao tempo de isquemia morna e fria. Os receptores da era MELD apresentaram maior número de pacientes com carcinoma hepatocelular em relação à era pré-MELD (37,5% vs 16,9%). Os doentes com carcinoma hepatocelular apresentaram cirrose hepática menos avançada em ambas as eras. O escore do MELD foi igual em ambas as eras. Excluindo aqueles com carcinoma hepatocelular, o escore foi maior na era MELD em relação à era pré-MELD (18,2 vs 15,8). Na era MELD foi observado aumento no número de transplantes realizados em pacientes com cirrose hepática classes A e C de Child-Pugh e redução nos da classe B. As duas eras apresentaram resultados iguais em relação à transfusão de hemácias e tempo de permanência na UTI e permanência hospitalar. A sobrevida em 3 meses e em 1 ano também foi igual: 76% e 74,6% na era pré-MELD e 75% e 70,9% na era MELD. CONCLUSÃO: No centro deste estudo, após a introdução do MELD como critério de seleção de receptores para transplante hepático houve incremento no número de procedimentos em doentes com carcinoma hepatocelular. Excluindo-se esses pacientes, os receptores foram operados em estágios mais avançados da cirrose. Apesar disso, apresentaram a mesma necessidade de transfusão de hemácias, permanência na UTI e permanência hospitalar, e sobrevida em 3 meses e sobrevida em 1 ano.

ASSUNTO(S)

transplante de fígado carcinoma hepatocelular cirrose hepática listas de espera análise de sobrevida

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