O discurso sobre a educação básica do campo: uma análise linguístico-discursiva do tom de obrigatoriedade do enunciador

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/12/2011

RESUMO

A presente pesquisa pretende investigar como se constrói o tom de obrigatoriedade em textos que materializam o discurso do MST e o do MEC sobre uma proposta de educação para a população do meio rural. Tomam-se como corpus de pesquisa cinco textos pertencentes à coletânea Dossiê MST Escola e duas Resoluções do Conselho Nacional de Educação/MEC: Resolução CEB/CNE n 1/2002 e Resolução CEB/CNE n2/2008. Num primeiro momento, busca-se analisar as estratégias discursivas que os enunciadores de ambos os discursos mobilizam para imprimir no enunciado o tom de obrigatoriedade que permite delinear a imagem que constroem de si no discurso. Num segundo momento, objetiva-se verificar, mediante a análise da heterogeneidade enunciativa de cada discurso, o posicionamento ideológico dos enunciadores e desvelar a intencionalidade de suas propostas de educação. Como fundamentação teórica para as análises adotam-se os pressupostos teóricos da análise do discurso de linha francesa, conforme os estudos de Maingueneau (2004, 2008), Orlandi (2007), Brandão (2004), Amossy (2005). Intervêm noções ligadas à teoria da enunciação, pelas quais se focalizam as questões da projeção da enunciação no enunciado, conforme os estudos de Benveniste (1989), Authier-Revuz (2004), Fiorin (1999). Para a análise da modalização linguística consideram-se os fundamentos da teoria funcionalista da linguagem, segundo Halliday (1985), Hengeveld (2004), Palmer (1986) e Neves (2007). Os resultados da análise apontam que a noção de obrigatoriedade nos dois discursos é construída de maneira diferenciada. No discurso do MST, a forma de organização dos enunciados revela que o tom de obrigatoriedade é mais impositivo, desempenhando, na superfície do discurso, um papel emancipatório. No discurso do MEC, esse tom é menos autoritário e tem o papel de incluir o homem do campo na cultura e nos valores da sociedade burguesa. Entretanto a hipótese que se procura comprovar é a de que a opção pelo tom de obrigatoriedade por ambos os enunciadores é uma estratégia discursiva que se constitui por um jogo de poder entre igualdade e diferença, em que o discurso oficial busca silenciar o discurso do movimento e o discurso do MST visa a desestabilizar a proposta de educação do Estado.

ASSUNTO(S)

discurso enunciador educação modalidade deôntica tom de obrigatoriedade discourse enunciator education deontic modality obligatory tone letras

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