O discurso moderno sobre educação, diversidade e tolerância : os documentos da UNESCO e a crítica de Marcuse / The modern discourse on tolerance, diversity and education : UNESCO documents and criticism of Marcuse

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/07/2011

RESUMO

Este trabalho objetiva analisar criticamente os conceitos de diversidade e tolerância, presentes nas propostas de políticas de educação no mundo, publicadas a partir de 1990. Busca-se pensar esses conceitos relacionados à estrutura da sociedade capitalista em processo de mundialização e globalização, focando, mediante análise teórico/histórica, seu sentido e relevância na contemporaneidade. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de análise documental que, além da retomada histórica e filosófica dos conceitos, se propõe fazer uma análise de sua incidência nos relatórios e nos documentos mundiais sobre educação, publicados pela UNESCO. O texto se divide em três partes: na primeira, busca-se perfazer uma retomada histórica da defesa da tolerância no nascimento da modernidade, trazendo autores como Las Casas, Locke, Voltaire e Stuart Mill. Esta retomada visa compreender os fundamentos filosóficos políticos e sociais que marcaram a defesa liberal da tolerância, identificando aproximações e distanciamentos desta defesa com o ressurgimento da necessidade do conceito de tolerância nos séculos XX e XXI; a segunda parte traz as reflexões críticas de Marcuse, relacionando os conceitos de diversidade e tolerância com as promessas de liberdade, autonomia, entre outras, na sociedade sem oposição. Marcuse interroga a tolerância de um ponto de vista crítico, ressaltando seu aspecto ideológico, afinado com uma sociedade opressora. O autor considera os limites, ambigüidades e contradições internas do conceito e relacionadas à sociedade em que se constitui, chegando a denunciar a tolerância pura como falsa e regressiva, porquanto não atenta para o intolerável para o progresso humano; sob o referencial de Marcuse, a terceira parte vem com a análise dos documentos que tratam da diversidade e tolerância a partir do contexto do pós-guerra. Mais especificamente, são abordados o relatório Educação: Um tesouro a descobrir, a Declaração sobre os princípios da tolerância e a Declaração sobre a diversidade cultural e ainda as discussões levantadas na Conferência sobre a tolerância na América Latina e no Caribe e a Conferência de Educação para a Tolerância em Lisboa. A partir dessa análise, o trabalho tematiza o esmaecimento do debate sobre a tolerância nos documentos da UNESCO e nas discussões a respeito da educação no mundo que sucedeu à efervescência da temática na década de 1990. Chega-se à conclusão de que, na tentativa de não ignorar as críticas realizadas e, ao mesmo tempo, sem abandonar a idéia de tolerância enquanto conceito matricial da UNESCO, preserva-se o conceito na forma de uma discussão menos enfática. Ameniza-se o debate a respeito da tolerância paulatina pela inserção de questões menos conflituosas como o respeito à diversidade, à proteção do patrimônio e à questão dos direitos humanos. Entende-se que a tolerância é um conceito ambíguo e contraditório, entretanto, não superado, permanecendo nos debates acadêmicos, nos documentos mundiais, nas práticas educativas e no senso comum, o que torna, todavia, necessária sua constante interrogação e crítica, desviandose de um sentido consensual e ideológico para um sentido crítico e progressivo.

ASSUNTO(S)

educação diversidade tolerância unesco education diversity tolerance

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