O corpo que dança : os jovens e suas tribos urbanas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Esta pesquisa nasceu de um desejo de investigação sobre as manifestações culturais dançadas atualmente pelos jovens que moram na periferia da cidade de Campinas. O olhar da investigação concentrou-se nos dançarinos, ou melhor, nas "tribos urbanas" que dançam Punk Miami e Break (Hip-Hop) nos bailes da cidade. Junto a este tema foram levantados dados e contextos destas danças, vividas em momentos de ritos e festas, bem como pontos relevantes sobre sua significação na vida de seus criadores atores. O referenda! teórico abordado junto aos temas: corporeidade e dança, cultura popular, rituais urbanos e mundialização cultural, juntamente com a contextualização de origem e histórico destas manifestações, veio se aliar à metodologia aplicada na pesquisa de campo nos bailes (observação e registro), descrições de movimentos (com apoio no vídeo em anexo), análises dos principais elementos estéticos coreográficos e análise do conteúdo do discurso dos dançarinos. Os dados coletados na pesquisa de campo (categorias de significado levantadas no discurso dos dançarinos e da análise das estruturas estéticas) apoiados no referencial teórico desvelaram símbolos trazidos por estas identidades grupais desterritorializadas buscando relações entre a dança popular com a sociedade contemporânea e a mundialização cultural, os rituais urbanos e a representação da masculinidade na dança. Pudemos constatar que a experiência estética da dança proporciona aos dançarinos a possibilidade de existência enquanto seres que sentem e pensam com seus corpos no mundo. Dentro das próprias diferenças estéticas e de linguagem entre estas duas danças, Funk Miami e Break, pudemos perceber que as sensações alternam-se, misturam e se completam, sendo veículo de prazer, momento de sociabilização e de viver o "estar-junto" em grupo, autoconhecimento, crítica e contestação por um espaço em nossa sociedade e, para os jovens moradores de periferia são um caminho distante do mundo da drogas e da criminalidade. A dança deu voz e corpo às tensões e contradições do mundo em que vivem atuando também como "válvula de escape" para as pressões da sociedade e do mundo adulto. - As danças de rua vêm legitimar o conteúdo crítico e estético da arte popular, sintonizado com a mundialização cultural e com a produção artística contemporânea, porém, correm o risco de serem formalizadas e destituídas de seus contextos originais, para servirem de instrumental para aulas de condicionamento físico e de "docilizadores" de corpos

ASSUNTO(S)

cultura popular dança juventude funk

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