Núcleos familiares infectados pelo vírus linfotrópico de células t humanas: determinantes epidemiológicos e genéticos (Belo Horizonte, 1997-2005)
AUTOR(ES)
Bernadette Correa Catalan Soares
DATA DE PUBLICAÇÃO
2006
RESUMO
A revisão da Epidemiologia global do HTLV-I nos permitiu avaliar onde estamos em relação a vários aspectos concernentes ao vírus. Se estamos cientes da sua distribuição geográfica, com tendência à formação de aglomerados, se já compreendemos bem as formas de transmissão e doenças claramente a ele associadas (leucemia de células T do adulto e mielopatia associada ao HTLV), muito nos falta caminhar na busca de esclarecimentos sobre o papel do vírus em outras possíveis patologias, sobre os mecanismos patogenéticos e sobre os fatores de risco / proteção que pudessem explicar porque a grande maioria dos infectados permanece assintomática. As altas taxas de prevalência encontradas no estudo de familiares e parceiros sexuais estáveis de infectados sugerem agregação familiar da infecção, motivando-nos a buscar outros fatores de risco (genéticos? Ambientais?) para a infecção. Também nos alertam sobre a importância de se pesquisar a infecção em pessoas relacionadas aos infectados (mesmo assintomáticos), a fim de deter a disseminação silenciosa do vírus. O tipo II do HTLV é menos prevalente que o tipo I, mas é encontrado com maior freqüência em populações específicas (usuários de drogas injetáveis e populações nativas das Américas). Ter encontrado uma família HTLV-II em meio a uma coorte de doadores de sangue soropositivos, nos impulsionou os estudos moleculares que apontaram a evidência de transmissão vertical e horizontal na mesma família. Essas formas de transmissão são bem caracterizadas para o tipo I, mas ainda controversas para o tipo II, segundo alguns autores. A questão mais desafiadora para pesquisadores do HTLV-I/II continua sendo o porquê a maioria dos infectados persiste como portadora assintomática. Autores japoneses apontam a possibilidade de que essa explicação resida na eficiência da resposta imune de cada indivíduo, resposta essa condicionada pelos genes HLA (antígenos leucocitários humanos). Com a tipagem HLA de famílias infectadas pelo vírus, percebemos que existem semelhanças e diferenças entre os resultados japoneses e brasileiros, sugerindo que os alelos HLA não controlam isoladamente o desfecho nos infectados. Desde que não há tratamento para as doenças associadas ao HTLV e uma vacina não está disponível, o custo social e financeiro para o indivíduo, sua família e o sistema é imenso. Por essa razão, intervenções em saúde pública direcionadas para aconselhamento e educação de indivíduos e populações em alto risco são de fundamental importância.
ASSUNTO(S)
saúde pública teses antígenos htlv-ii decs antígenos de deltaretrovírus decs antígenos htlv-i decs antígenos hla decs epidemiologia decs saúde pública decs epidemiologia decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/ECJS-6Y7MXVDocumentos Relacionados
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