Nos confins dos chapadões sertanejos: pensamento geográfico em Mário Palmério

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/09/2011

RESUMO

Este trabalho se propõe a analisar a leitura que Mário Palmério efetuou em seus livros Vila dos Confins, 1956, e Chapadão do Bugre, 1965, sobre a questão nacional a partir do sertão do Triângulo Mineiro. Na esteira dos estudos de Antonio Carlos Robert Moraes esta questão pode ser resumida no dilema da formação do Estado Nacional a partir do seu território, excluindo o povo deste processo. O sertão se constitui como lugar privilegiado para discutir a formação do Estado Nacional, tendo em vista que sempre foi representado como pólo oposto ao litoral, na construção da identidade nacional. As interpretações sobre o sertão ora como berço da nacionalidade autêntica, ora como fator de atraso mudam conforme os interesses das elites políticas. A aproximação da visão de mundo estruturante dos livros de Mário Palmério dá-se com base na investigação de sua biografia, relacionada aos fatos históricos que marcaram a Era Vargas, a administração para o progresso de Juscelino Kubitschek. Interliga-se vida e realizações do escritor com a implantação do capitalismo no Brasil, a partir da Proclamação da República, até o golpe militar de 1964, sob cujo impacto Palmério escreveu Chapadão do Bugre. Busca-se nas leituras do sertão presentes desde a carta de Pero Vaz de Caminha até Vidas Secas de Graciliano Ramos, passando pelos Sertões de Euclides da Cunha, a tradição na qual se insere a voz de Mario Palmério. Questiona-se o papel dos intelectuais e dos escritores na formação da mentalidade nacional, visto que muitas vezes, eles são cooptados pelas lideranças políticas a fim de legitimar suas propostas ideológicas. A análise dos discursos de Mário Palmério na Câmara dos Deputados contribui para a formação de sua visão-de-mundo sobre o Brasil durante o processo de transição do poder das esferas municipais para esferas mais amplas e com vistas a centralizá-lo na figura de um Estado responsável exclusivo pela definição dos rumos do país. Todas estas análises ensejam a base para a abordagem das obras literárias do autor. Nestas obras buscamos a atitude do autor diante da enorme contradição entre os discursos das elites agrárias e urbanas instaladas no poder com vistas ao lucro e as vantagens pessoais, e o extremo abandono das populações rurais, a que era atribuída a culpa pelo atraso e pelo estado de barbárie que impedia a plena realização do progresso. Encontramos, afinal, o ator comprometido com o desenvolvimento do país, e sua visão de que tal desenvolvimento exigia investimentos para a efetiva melhoria da qualidade de vida das populações.

ASSUNTO(S)

pensamento geográfico formação territorial brasileira modernização sertão mário palmério geografia palmério, mário, 1916- - crítica e interpretação. geografia na literatura geographical thought brazilian territorial formation modernization wilderness

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