Níveis séricos de leptina, resistência insulínica e composição corporal cinco anos pós-transplante renal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

INTRODUÇÃO: O pós-transplante renal (TR) é marcado por alterações metabólicas, incluindo mudanças na composição corporal, leptinemia e resistência insulínica (RI). Estes são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), que são as principais causas de complicações e morte após o transplante. OBJETIVO: Avaliar leptinemia, resistência insulínica (RI) e alterações na composição corporal e lípides no período até cinco anos pós-transplante renal. MÉTODOS: 32 pacientes (18 homens, com média de idade de 41,5 ± 11,4 anos) e 19 indivíduos saudáveis foram incluídos no estudo. As variáveis analisadas foram: leptina sérica, RI (HOMA - Homeostasis Model Assessment), percentual de gordura corporal (%GC), circunferência muscular braquial (CMB), proteína C-reativa (PCR) e perfil lipídico. Os pacientes foram avaliados no momento do TR (T1), aos três meses (T2), um ano (T3) e cinco anos (T4) pós-TR. RESULTADOS: Os níveis séricos de leptina foram maiores nos urêmicos do que no grupo controle em T1 [11,9(9,2-25,2) e 7,7(5,2-9,9) ng/mL, respectivamente, p<0,0001]. Nos transplantados renais, a leptinemia diminuiu em T2 [7,1(4,2-12,5), p<0,0001], e aumentou numericamente em T3 [9,35(4,9-16,1)], mantendo-se significativamente menor que em T1 (p=0,034). Os valores de T4 [9,2(5,7-21)] e T1 não foram estatisticamente diferentes. HOMA diminuiu em T2 [2,1(1,63-2,23) para 1,31(0,85-1,78); p<0,0001] e aumentou numericamente em T3 [1,55(1,15-2,15)] e T4 [2,1(1,6-2,85)]. Não houve variação significativa nos valores de PCR e %GC durante todo o período do estudo. A CMB aumentou significativamente apenas em T4 (p<0,0001). No pós-TR imediato (T2) observou-se um aumento de triglicerídeos (TG) (146,3 ± 44,9 para 250,5 ± 84,85 mg/dL, p<0,0001), colesterol total (CT) (196,2 ± 55,7 para 232,8 ± 61,5 mg/dL, p<0,0001) e colesterol LDL (116,7 ± 44,5 para 135,5 ± 52 mg/dL, p=0,027). Os valores de TG e LDL retornaram aos iniciais no primeiro ano pós-TR (T3). Já os níveis de CT foram semelhantes aos do período pré-TR após o quinto ano de TR (T4). Os valores de colesterol HDL não sofreram variação significativa ao longo do estudo. A leptina sérica correlacionou-se positivamente com o %GC durante todo o estudo [T1 (r=0,56; p=0,001); T2 (r=0,52; p=0,002); T3 (r=0,39; p=0,026) e T4 (r=0,77; p<0,0001)]. HOMA apresentou correlação positiva com leptinemia em T3 (r=0,37; p=0,037) e T4 (r=0,42; p=0,035). Na análise de regressão linear o sexo, %GC e HOMA são variáveis independentes para predizer leptinemia em todos os momentos do estudo. CONCLUSÃO: A leptinemia e o HOMA diminuem no pós-TR imediato até pelo menos um ano pós-TR. Aos cinco anos pós-TR, níveis séricos de leptina, RI, PCR, %GC e perfil lipídico são semelhantes aos do período pré-TR. Este perfil metabólico está possivelmente associado à elevada incidência de DCV observada tardiamente nos pacientes transplantados renais.

ASSUNTO(S)

leptina leptin resistência à insulina insulin resistance body composition composição corporal kidney transplantation transplante de rim

Documentos Relacionados