Nidificação de Xylocopa spp. (Apidae, Xylocopini) em ninhos- armadilha em áreas de cerrado do Triângulo Mineiro

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A maioria das espécies de Xylocopa constrói seus ninhos escavando madeira seca como galhos e troncos mortos com suas mandíbulas resistentes, ou em colmos de bambu. O presente trabalho teve como objetivo: (i) comparar dois tipos de ninhos-armadilha (vigotas de Spathodea campanulata e gomos de bambu (Bambusa sp.)) quanto a escolha para construção de ninhos por Xylocopa spp.; (ii) verificar a dinâmica das fundações e o desenvolvimento dos ninhos, de acordo com a sazonalidade; (iii) fornecer informações sobre a porcentagem de ocupação dos ninhos-armadilha, número de células produzidas, longevidade dos ninhos e incidência de inimigos naturais. O estudo foi conduzido em duas áreas de Cerrado do Triângulo Mineiro, no período de janeiro do ano de 2006 a dezembro de 2007. Foram utilizados dois tipos de ninhos-armadilha (NA), vigotas de madeira maciça de Spathodea campanulata (VS) e colmos de bambu abertos em uma extremidade e fechada pelo nó na outra (GB). Os NA foram acondicionados em coberturas de madeira simples (ranchos para criação de abelhas) com 56 GB, variando de 1.01 cm a 2.40 cm, subdivididos em sete categorias, A até G, variando de dois em dois milímetros de diâmetro na estrada do gomo. Sete unidades de VS foram subdivididas em três categorias, de acordo com as dimensões: galhos maiores, galhos menores e troncos. Inspeções nos ranchos foram realizadas quinzenalmente para identificar fundação de novos ninhos e observação dos ninhos ativos. Nas duas áreas, um total de 88 ninhos foi fundado por cinco espécies de Xylocopa. X. frontalis foi a espécie que mais utilizou os ninhos-armadilha (53,40%), seguido por X. subcyanea (15,90%), X. suspecta (14,77%), X grisescens (11,36%) e, por último, X. hirsutissima (4,54%). Não houve diferença na proporção de utilização de ninhos-armadilha entre espécies ( 2=0,845; p>0,005) e entre a proporção de ocupação dos dois tipos de ninhosarmadilha nos diferentes ranchos ( 2=1,46; p>0,05). As VS da categoria galhos maiores (50 cm a 80 cm de comprimento e 40 cm a 60 cm de circunferência) foram os mais freqüentemente ocupadas. Para os GB, a porcentagem ocupação dos ninhos foram maiores nas categorias E (1,81 cm a 2,00 cm) e F (2,01 cm a 2,20 cm). Do total de ninhos originados em GB, 19 foram reutilizados continuamente, enquanto outros foram abandonados pelas fêmeas nidificantes. Ninhos abandonados podiam ser novamente ocupados (reutilizações pós-abandando). As reutilizações pós-abandono (n=32) foram mais abundantes nos GB (n=26). Nas VS houve uma variação no período de atividade de 14 a 684 dias (x=291,72210,45). Em GB, a longevidade dos ninhos, variou de nove a 357 dias (x=92,5986,56). O número de células produzidas nos processos de fundações e reativações variou de uma a seis e uma a cinco (x=2,121,47), respectivamente. Não houve diferença entre as médias de células produzidas durante as fundações e reutilizações contínuas para ninhos de X. frontalis. (ANOVA: F3.55=0,530; p=0,663). Também não houve diferença ao se comparar, entre espécies, o número de células produzidas durante os processos de fundação (ANOVA: F2.46=0,485; p=0,619). O número de nidificações na estação chuvosa (GB=63,51%, n=48; VS=54,54%, n=24) foi maior que na estação seca (GB=36,84%, n=28; VS=45,45%, n=20). As reutilizações pós-abandono ocorreram apenas no segundo ano (2007), a partir de fevereiro. Onze indivíduos adultos cleptoparasitas de Cissites maculata (Meloidade) foram coletados próximos às entradas dos ninhos hospedeiros, durante os dois anos de observações. Além da viabilidade de se fazer manejo de ninhos utilizando GB, foi mostrado nesse estudo que ninhos-armadilha de Spathodea campanulata podem ser uma boa opção para a atração de Xylocopa spp.

ASSUNTO(S)

xylocopa nidificação ecologia xylocopa - ninhos trap-nests ninhos-armadilha abelha - ninhos nesting

Documentos Relacionados