NEM SACERDOTES, NEM GUERRILHEIROS: PROFESSORES DE HISTÓRIA E OS PROCESSOS DE CONSCIÊNCIA HISTÓRICA NA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES PONTA GROSSA 2007

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Discute-se o fenômeno da consciência histórica e da formação de identidades de professores de história a partir do depoimento de cinco professores de história e de dados estatísticos envolvendo outros 67 professores de história, obtidos através de questionário. Movem o trabalho: necessidade de pesquisa sobre o fenômeno da consciência histórica e os questionamentos a respeito da formação de identidades e representações por parte de professores de história, com e apesar da formação institucional. Objetiva-se compreender como os professores mobilizam a consciência histórica através de suas narrativas, identificando, com o auxílio dos dados mais amplos, componentes que influenciam nos processos de criação e manutenção de identidades. Os principais referenciais utilizados são os escritos sobre consciência histórica, narrativa e identidade de Jörn Rüsen e Agnes Heller e as considerações de Bauman, Hall e Edson Silva sobre identidades. A metodologia utilizada diferiu em duas fases. A fase um corresponde à coleta de depoimentos orais e escritos através de três tipos de questionário: a) semi-estruturado com perguntas referentes à relação do professor com o processo histórico e as três dimensões temporais, sob o ponto de vista da mobilização de identidades; b) estruturado, relativo à trajetória de vida e formação do professor e c) fechado, incluindo narrativas históricas e alternativas de tomada de decisões. As questões tratam de momentos da história de vida, questionamentos sobre o papel do professor de história, compreensões a respeito de processo histórico e sobre tópicos da história que se mostram fundamentais para os entrevistados. A fase dois corresponde à aplicação de um questionário com perguntas abertas e fechadas a todos os professores de história da rede estadual de ensino na zona urbana de Ponta Grossa. As análises são realizadas em três momentos: a) análise vertical, em que cada professor da fase um é analisado em relação a si próprio b) quantificação dos dados da fase dois através de gráficos, analisados dentro de suas categorias próprias e c) horizontal, buscando semelhanças, diferenças e complementaridades entre os depoimentos e os dados quantitativos. Observou-se que a narrativa histórica pode ser entendida como parte do processo de atribuição de sentido e significado à passagem do tempo e à manutenção/modificação da identidade histórica, sendo que a forma de atribuição de sentido predominante foi a genética, seguida da crítica.. Percebeu-se também que narrativas históricas levam às estratégias de convivência com ambigüidades e desafios (freqüentemente profissionais) frente aos quais se oscila entre o sonho e o contingente. Considera-se que os professores são capazes de constituir significado para sua profissão perante as representações dominantes em diferentes graus de intensidade crítica. A política é um fator de identificação forte entre os professores de história, a religiosidade aparece em menor grau e, freqüentemente, o professor pinça em cada uma apenas os elementos passíveis de coerência com sua concepção de saber histórico e suas vivências pessoais, mesmo que em alguns casos aconteçam processos inversos.

ASSUNTO(S)

identidades educacao history teachers identities consciência histórica professores de história historical consciousness

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