Necessidades e cuidados em saúde de idosos migrantes atendidos por equipes da estratégia de saúde da família / Needs and health care of transient and migrant aged assisted by teams of the family health strategy

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A acelerada transição demográfica ocorrida nas quatro últimas décadas trouxe implicações para os arranjos familiares, as relações de trabalho, o emprego e a renda, além do comum fenômeno da migração, sendo que as complexas relações entre essas dimensões acarretam importantes desafios para o cuidado em saúde dos idosos. No contexto da migração no país, os idosos em condições socioeconômicas desfavoráveis têm migrado por contingências, sobretudo, relativas à saúde e moradia e, na maioria desses casos, o apoio necessário obtido em relação à saúde baseia-se, fundamentalmente, na Atenção Primária à Saúde, sob a Estratégia de Saúde da Família. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender as necessidades e o cuidado em saúde de idosos residentes no Município de São Paulo e migrantes do Nordeste, bem como os limites e potencialidades dos serviços de Atenção Primária no tocante a essa problemática. Busca-se, ainda, (re)considerar a relação entre usuários idosos e integrantes de equipes de Saúde da Família no Município de São Paulo, ao compreender a forma como as marcas identitárias são caracterizadas e em que medida podem influenciar a relação entre esses sujeitos, no que se refere ao tratamento de saúde. Trata-se de uma pesquisa de referencial qualitativo, que utilizou a técnica de entrevista em profundidade na produção dos dados empíricos, que consistiu em duas etapas: entrevistas realizadas com 06 idosos, com 60 anos ou mais, que se deslocaram para o Município de São Paulo, em um intervalo de 03 meses a 05 anos, com o propósito de tratar seu(s) problema(s) de saúde; e entrevistas com 09 profissionais de equipes da Estratégia de Saúde da Família. Referente à análise dos depoimentos, utilizou-se a técnica de análise temática de conteúdo, considerando as conjunturas, as razões e as lógicas de falas, bem como as ações e inter-relações estabelecidas com o coletivo e as instituições. Os resultados exibem a complexidade dos sentidos atribuídos às necessidades de saúde dessa população em específico, sendo que, de forma convergente, ambos os grupos entrevistados destacaram o entrelaçamento das necessidades de saúde e do adoecimento. Além disso, os constructos socioculturais regionalizados mostram-se imperativos, uma vez que o processo de significação, diante da necessidade em saúde, assume contornos firmados em experiências anteriores de saúde-doença-cuidado. Já a autopercepção de saúde, a definição de problema e as estratégias e recursos para o cuidado em saúde foram proporcionalmente relativos ao contexto (pessoal, social e econômico) no qual esses idosos estavam inseridos antes de residirem na metrópole paulistana. Segundo os profissionais, a carência de recursos, a falta de conscientização e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde em suas localidades de origem resultam, muitas vezes, em um agregado de diagnósticos realizados em São Paulo. Por sua vez, para os idosos, a produção de cuidados está muito mais associada às práticas curativas, sendo pouca a valorização de medidas preventivas e promocionais de saúde. Nesse sentido, de acordo com os profissionais, à medida que não apresentam sinais ou sintomas, eles tendem a cessar o tratamento médico e farmacológico.

ASSUNTO(S)

aged atenção primária à saúde family health idoso migrantes primary health care saúde da família transients and migrants

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