Narration, dialogism and carnivalization: a reading of The Hour of The Star, by Clarice Lispector / Narração, dialogismo e carnavalização: uma leitura de A hora da estrela, de Clarice Lispector
AUTOR(ES)
César Mota Teixeira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
Esta tese é um estudo analítico-interpretativo do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Com base nas teorias de Mikhail Bakhtin, explicitam-se os elementos dialógicos que estariam na base da composição do romance final de Lispector. Por dialogismo, entendem-se as várias interações crítico-paródicas que o narrador Rodrigo S.M, persona masculina criada pela autora, estabelece com outros discursos no processo metaliterário que embasa a construção da narrativa. Entre estes discursos, a análise dá especial atenção à paródia que o narrador faz de diferentes formas narrativas e dramáticas, entre as quais se destacam o romance de folhetim, o melodrama, o romance regional, o romance social e o romance psicológico. O tom dialógico-paródico dominante na obra permite detectar traços de carnavalização usados como arma de crítica e denúncia social. No âmbito desta carnavalização, destaca-se a presença de máscaras ancestrais da arcaica romanesca retomadas e atualizadas por Lispector, em especial as máscaras do tolo, do bufão e do trapaceiro, personagens arquetípicos que, oriundos do solo da cultura popular, teriam importante papel na consolidação do romance como gênero fundamentalmente voltado para a representação/encenação crítica de discursos (ainda segundo Bakhtin). Analisam-se também algumas crônicas de Lispector consideradas importantes para a compreensão da figuração do "personagem tolo" sem sua obra. Trata-se de crônicas que tematizam o longo contato da escritora com empregadas domésticas, personagens que antecipam e inspiram a criação de Macabéa. A importância do tolo é destacada, na medida em que ele se apresenta como uma "máscara" que permite interagir criticamente com os discursos instituídos, ou seja, com a ideologia dominante. O tolo que estranha e não compreende a sociedade que o cerca torna-se um importante elemento de denúncia da falsidade e do perniciosismo das relações sociais estabelecidas. A ele se junta o bufão, representado ironicamente na persona burlesca do narrador masculino Rodrigo S.M., que, em clima de carnavalização, desmascara e destrona discursos no processo autocrítico de construção da narrativa.
ASSUNTO(S)
carnavalização; dialogismo; máscaras populares; paródia; romance carnivalization; dialogism; novel; parody; popular masks
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