Mulheres, negros e outros monstros: um ensaio sobre corpos não civilizados
AUTOR(ES)
Ferreira, Jonatas, Hamlin, Cynthia
FONTE
Revista Estudos Feministas
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010-12
RESUMO
A dinâmica ocidental de civilização implica uma relação tensa entre corpo e mente, cultura e natureza, civilização e barbarismo. No ensaio que se segue, exploramos a construção deste último dualismo ao investigarmos os espaços nos quais certos corpos são definidos como monstruosos. Em particular, estamos interessados na constituição de uma visão científica de diferenças raciais, sua especificidade em relação à percepção medieval do lugar da alteridade, seu papel em legitimar a circulação de corpos 'monstruosos' como mercadorias e sua reivindicação de desvendar uma hierarquia objetiva de raças e gênero. De Lavater a Curvier, a classificação das espécies oferece um modelo hierárquico que será apropriado pelos discursos de raça e gênero na biologia. Nesse contexto, um caso pode ser considerado paradigmático: a 'Vênus Hotentote'. Argumentamos que a negociação política do status ontológico de Sara Baartman, durante os séculos XIX e XX, representa precisamente tal esforço para estabelecer as fronteiras de civilidade mediante a circulação e a exclusão de corpos incivilizados.
ASSUNTO(S)
mulheres corpos negros teratologia ciência
Documentos Relacionados
- Sobre corpos e monstros: algumas reflexões contemporâneas a partir da filosofia da diferença
- Os médicos e os monstros: um estudo sobre o uso de neurolépticos
- As mulheres, os outros e as mulheres dos outros: feminismo, academia e Islão
- Construindo monstros: discursos e representações sociais na CPI da pedofilia
- A mulher, o médico e as historiadoras: um ensaio historiográfico sobre a história das mulheres, da medicina e do gênero