Morfologia, anatomia e imunocitoquímica da interação entre pólen e estigma em duas espécies de Passiflora(Passifloraceae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O gênero Passiflora é originário da América do Sul e tem no Centro-Norte do Brasil seu maior centro de distribuição geográfica. A família Passifloraceae congrega espécies arbóreas, arbustivas, herbáceas, e, sobretudo, lianas que desempenham fundamental importância ecológica na dinâmica de regeneração natural de florestas. Apesar da importância ecológica das Passifloras, conhecimentos sobre seu modo de reprodução são escassos, e pouco se sabe sobre como se dá o mecanismo de compatibilidade e incompatibilidade nas espécies do gênero, assim como as alterações ocorridas durante a interação entre pólen e pistilo, incluindo a dinâmica da parede celular durante esses mecanismos. O presente trabalho foi desenvolvido com duas espécies do gênero Passiflora: Passiflora suberosa L. (Clado Decaloba) e Passiflora elegans Masters (Clado Passiflora) no intuito de contribuir para o esclarecimento da biologia reprodutiva do gênero. Foram realizadas polinizações controladas em botões florais de ambas as espécies, tanto em experimentos de polinização cruzada, quanto de autopolinização. O material coletado foi submetido à fixação, desidratação etílica ascendente e infiltração em resina hidroximetilacrilato para as secções observadas em microscopia óptica, bem como inclusões em resina LR White para as reações de imunocitoquímica observadas em epifluorescência. Foram utilizados anticorpos monoclonais para determinação de epitopos pécticos e para detecção de proteínas arabinogalactanos nos tecidos que atuam na interação pólen-pistilo. Anatomicamente o estigma é formado por emergências multicelulares constituídas por células da camada dérmica e subdérmica que se projetam e expõe a superfície receptora do pólen proporcionando um maior direcionamento do tubo polínico na sua trajetória estigmática. Essas estruturas são importantes na seleção e no processo de reconhecimento dos grãos de pólen depositados durante a polinização, resultando em reações de compatibilidade ou incompatibilidade. O mecanismo de auto-incompatibilidade desencadeado pelo contato das proteínas contidas no pólen com as células do estigma, foi observado em P. elegans, resultando no bloqueio do crescimento do tubo polínico por deposição de calose em sua extremidade. No entanto, nessa espécie, a reação de autoincompatibilidade é transposta após dois eventos de autopolinização. A espécie P. suberosa mostrou-se ser autocompatível. O crescimento dos tubos polínicos se dá por via apoplástica em ambas as espécies. Os estiletes são do tipo sólido e seco, com tecido transmissor rico em polissacarídeos, pectinas, proteínas e amido. Os resultados comparativos entre as duas espécies analisadas quanto à composição química das paredes celulares detectaram diferenças químicas nas paredes dos grãos de pólen. Arabinanos e galactanos estão ausentes na intina de P. elegans, ao contrário do encontrado em P. suberosa e proteínas arabinogalactanos estão presentes na intina de P. elegans e ausentes em P. suberosa, que talvez esteja relacionado com a expansão celular, o que sugeriria que os tubos polínicos têm exigências químicas distintas em seu desenvolvimento.

ASSUNTO(S)

passifloraceae anatomia vegetal : morfologia vegetal : palinologia : teses

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