MORBIDADE MATERNA EXTREMAMENTE GRAVE: uso do Sistema de Informação Hospitalar do SUS

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/08/2011

RESUMO

É considerado um caso de morbidade materna extremante grave (MMEG) ou near miss uma mulher que quase foi a óbito, mas sobreviveu a complicação que ocorreu durante a gravidez, parto ou até 42 dias do término da gestação. Os critérios para identificação de casos de MMEG têm sido discutidos por diversos autores que levam em consideração as condições clínicas, laboratoriais e/ou manejo dos casos. Os sistemas de informação em saúde disponíveis atualmente no Brasil, tais como o SIH-SUS (Sistema de Informações Hospitalares do SUS), Sistema de informação sobre Nascidos vivos (SINASC) e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) contam com grande número de dados que poderiam contribuir para estudos da morbidade materna. Este trabalho tem como objetivos analisar a situação da morbimortalidade materna e infantil a partir dos Sistemas de Informações em Saúde; adequar os critérios de MMEG; identificar e analisar os casos de MMEG na base de dados do SIH-SUS visando subsidiar o planejamento das ações de saúde materna. Entre as 8620 mulheres residentes em Juiz de Fora, MG, no período de 2006 e 2007, internadas com causas codificadas dentro do Capítulo XV da CID-10 ou que receberam procedimentos obstétricos, 326 apresentaram alguma condição clínica e/ou procedimento selecionado como MMEG e uma foi a óbito. A taxa de mortalidade materna foi 12,0 por 100.000 mulheres. A letalidade 3,1 por mil mulheres e a prevalência de MMEG, 39,0 por 1000 mulheres. A média de tempo de internação foi de 3,5 e 10,5 dias para as mulheres sem e com morbidade, respectivamente. O tempo de internação maior que quatro dias foi 13 vezes mais alto entre as mulheres que apresentaram MMEG. A razão de prevalência para permanência do recém-nascido após alta da mãe, ter filhos nascidos mortos e óbito da criança antes da alta da mãe foi mais elevada entre as mulheres com MMEG, respectivamente 2,52, 4,86 e 4,41. As variáveis tempo de internação, número de internações e filhos nascidos mortos mostraram-se como fatores preditores para a MMEG na análise de regressão logística (p <0,001). Entre os procedimentos/condições selecionados os mais frequentes foram a transfusão de hemoderivados, permanência a maior e pré-eclampsia grave/eclampsia, com prevalências de morbidades específicas de 15,7/1000, 9,5/1000 e 8,2/1000, respectivamente. A razão de prevalência de MMEG encontrada e as prevalências específicas de transfusão de hemoderivados e pré-eclampsia grave/eclampsia são achados consistentes com a literatura existente e demonstram que o uso de associação de algumas tabelas do SIH-SUS tem grande potencial para identificação dos casos de MMEG. O critério utilizado para identificação dos casos é factível e pode contribuir para a vigilância da morbimortalidade materna e para ampliar o conhecimento sobre os aspectos que a envolve, contribuindo assim para a melhoria na qualidade da assistência à mulher no período gravídico-puerperal.

ASSUNTO(S)

morbidade materna extremamente grave mortalidade materna sistema de informação hospitalar hospitalização complicações na gravidez mortalidade perinatal mortalidade neonatal precoce nascidos vivos extremely severe maternal morbidity maternal mortality hospital information system hospitalization pregnancy-related complications perinatal mortality early neonatal mortality live-births medicina

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