Modos de ler do professor em contexto de uma prática de leitura de formação continuada: uma análise enunciativa

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Esta investigação, pautada pelos pressupostos da pesquisa colaborativa, conforme discutida por Magalhães (2004; 2002; 1999; 1996), insere-se em espaços de formação continuada de uma escola pública do município de São Paulo, para promover a leitura de textos científicos primários e de divulgação científica. O trabalho de análise orienta-se pelo objetivo de investigar os modos de ler procedidos por seis educadores e a relação entre esses modos e a formação do professor crítico-reflexivo. Interessa, também, analisar o processo de construção de sentidos, considerando-se as vozes sociais que são acionadas pelos participantes na dinâmica de apropriação do dizer do autor do texto lido. A fundamentação teórica refere-se aos temas da formação de professores e da leitura e linguagem. Quanto ao primeiro, apresentamos, com base em autores como Marcílio (2005), Borges (2005), Nosella (2005) e Ribeiro (2003), a história da formação de professores no Brasil e as concepções de formação que se opõem à tendência tecnicista que marcou essa história, para assinalar aí o valor da formação crítico-reflexiva, conforme abordagem defendida por autores como Libâneo (2002), Pimenta (2002), Giroux (1998) e Contreras (1999). Relativamente ao tema da leitura e linguagem, recorremos, inicialmente, ao campo da História da Leitura, representada principalmente por Chartier (1985; 1997), Hébrard (1985), Manguel (1996), Anne-Marie Chartier e Hébrard (1995), para construir a compreensão de que a leitura relaciona-se com um trabalho singular de significação do enunciado de outrem, conformado ao contexto em que a atividade se realiza e às práticas de leitura construídas no decorrer da história do homem na sua relação com o texto escrito. Para demonstrar a abrangência desses estudos nas discussões sobre a leitura do professor, fundamentamo-nos em autores como Kleiman (2001), Batista (1999) e Britto (1998). Com base em Vygotsky (1925; s/d; 1934), Volochinov/Bakhtin (1926), Bakhtin/Volochinov (1929) e Bakhtin (1934-35; 1952-53), procuramos situar a concepção de leitura defendida pelos historiadores da leitura em sua dimensão enunciativa. A discussão dos dados aponta para a importância de se analisar a leitura do professor na relação com o contexto em que ela se desenvolve, de forma a considerar as demandas específicas do trabalho docente e a apreciação valorativa que os profissionais elaboram a respeito do dizer alheio. Por essa perspectiva, os participantes desta pesquisa mostram-se leitores competentes, na medida em que transformam o texto em recurso para compreenderem sua prática, questionarem propostas e buscarem seu ajuste na situação particular em que estão inseridos

ASSUNTO(S)

reading of primary scientific texts leitura de textos científicos primários continuous formation linguistica aplicada formação continuada professores -- livros e leitura educacao continuada professores -- formacao profissional

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