Mito de Fausto como substrato em Machado de Assis a partir do conselheiro Aires

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A tese que aqui apresentamos é a de que o personagem, nomeado conselheiro Aires, de Machado de Assis é um tipo faustiano. A sustentação desta proposta passa pela admissão de Aires como um duplo machadiano, e como tal um escritor ficcional moderno periférico que se desdobra em outros duplos, notadamente os personagens das obras literárias supostamente de sua autoria, Esaú e Jacó e o Memorial de Aires. Resultado dos sete cadernos manuscritos de Aires, as obras machadianas em questão nos servem para a alusão ao mito de Fausto como um referencial simbólico da modernidade e por sua vez um substrato detectado numa escala reduzida e de forma degradada na literatura brasileira, o que neste âmbito encerra uma antinomia local-universal. Apontamos que há uma tensão dialética criativa entre a omissão e conivência política com a elite dominante por parte de Aires-Fausto, e sua observação à distancia que resulta no trabalho artístico-literário. Por uma via antinômica faustiana identificada na expressão literária de Aires-Machado verifica-se, pois, o testemunho dos acontecimentos histórico-culturais do século XIX que são decisivos para o destino brasileiro, que então vislumbra um horizonte de nação. O trabalho literário em questão imprime o ponto de vista do escritor e seu duplo, que abarcam uma crítica radical ao projeto nacional, e o desejo malogrado do sujeito num ambiente periférico da modernidade.

ASSUNTO(S)

mito de fausto o duplo machado de assis modernidade periférica literatura brasileira myth of faust the double machado de assis peripheric modernity

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